Análise dos Fenômenos Parafísicos |
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1º)
O SINCRONISMO Nas
telecinesias
Willy Schneider foi um dos mais célebres realizadores de fenômenos de efeitos físicos, sob rigoroso controle de experimentadores conscienciosos. Willy estava convencido de ser instrumento (médium) dos espíritos dos mortos. Entre os espíritas, é um dos médiuns mais considerados. Mas na realidade freqüentemente se observou que Willy acompanhava as telecinesias com movimentos do seu corpo. Por exemplo esticava-se e dirigia o ombro em direção da vitrola ou da lâmpada que mexia à distância.
** Em psicologia é muito significativo
este sincronismo vontade-gesto. Tais gestos provam evidentemente que
as telecinesias correspondiam à vontade
inconsciente de Willy, que estava em estado de inconsciência. Os
mesmos significativos movimentos se observavam em Eusápia Palladino,
a mais famosa médium espírita de efeitos físicos.
Eusápia,
à distância, acendeu e apagou a luz, sem mexer no interruptor. Cesare
Lombroso, que era um dos pesquisadores,
ressalta: "O acender e o apagar da lâmpada correspondiam a
pequeno movimento que o dedo indicador de Eusápia fazia na palma de
minha mão. Quase sempre havíamos detectado essa sintonia entre os
fenômenos e os gestos da médium".
Posteriormente
Robert Tocquet será mais encomiástico:
"Eusápia
lançava o punho em direção da mesa de experiência detendo-se, porém,
a alguma distância da superfície. Ouvia-se então um barulho (tiptologia)
como se o punho tivesse realmente alcançado a mesa. Igualmente
efetuava com a mão fechada um movimento de rotação,
de torção, a alguma distância de um baú, e podia-se ver
como a chave do baú dava voltas sozinha na fechadura. Enfim, sempre
que ela realizava uma telecinesia, seus músculos se contraíam como
se estivesse agindo realmente".
Em uma
oportunidade, na Universidade de Nápoles, um vaso, que estava a uns
metros de Eusápia, foi chocar-se violentamente contra o chão, ao
mesmo tempo em que Eusápia aplicava "um
formidável ponta-pé" num dos assistentes.
** Os fatos
mostram que a vontade atuante era da própria Eusápia, não dos espíritos
dos mortos. O sincronismo é tão típico que mesmo nos casos espontâneos,
ao menos quando está presente algum especialista, não deixa
de ser constatado.
A respeito das
telecinesias das irmãs Alida e Santina de
Matteo, os parapsicólogos italianos consignaram:
"Detalhe
interessante: também neste caso os fenômenos se intensificavam
quando as duas meninas (...) (dormindo) se agitavam na
cama: os projéteis improvisados esguichavam então daqui e de
lá com violência, como se espelhassem a movimentada seqüência
daquela misteriosa segunda vida que elas levavam no sonho". Nas ectoplasmias e fantasmasCom uma alavanca ectoplasmática a Srta. Golhiguer levantava mesinhas e tamboretes. Golhiguer goza muito prestígio entre os espíritas, porque eles pensam que eram os espíritos dos mortos que dirigiam essa alavanca. ** Mas a vontade diretora e o esforço motor manifestamente procediam da própria Golhiguer: Assim,
o Dr. Crawford constatou que durante todo o tempo que estava em ação
a alvanca ectoplasmática, nos músculos de Golhiguer repercutia toda
a tensão e esforço, deixando os tensos, e se a força necessária
era maior, por exemplo para levantar um
tamborete à altura excepcional de 1,20m, adquiriam uma rigidez de
ferro.
** É
significativo que essa tensão muscular, embora se estendesse a todo o
corpo, era especialmente destacada onde teoricamente devia ser:
Precisamente
num dos braços; e, mais natural, procurando-se do ombro ao pulso,
encontrava-se a maior tensão na articulação, tal como seria se o
braço estivesse diretamente levantando um objeto pesado.
"Todos os
movimentos do raio ('alavanca') são produzidos no íntimo do corpo do
médium", frisava Crawford entre as conclusões gerais das suas
observações do grupo Golhiguer por mais de dois anos e meio. "Parte de mim". Prolongação de si mesmoNo livro Aparições. A ciência purifica a fé, analiso a chamada "bilocação", "experiência fora do corpo", "desdobramento" etc. Uma pessoa pode plasmar a idéia que tem de si mesma. O "duplo". E isto claramente exclui os espíritos dos mortos.
Logicamente assim
se explica também que uma pessoa possa plasmar a idéia que tem de
outra, viva ou morta. O fenômeno é o mesmo: ideoplasmia.
Nada acrescenta que atribua os fenômenos a essa "outra pessoa"
.
E quando não há
fantasma nem sequer ecto-colo-plasmia, se compreende ainda mais
facilmente que é também o psiquismo do médium que dirige outros fenômenos
físicos.
Cícero Valério,
"mestre" do espiritismo, pretende argumentar:
"No caso em
apreço (caso katie King), havendo a
materialização do perispírito ou duplo da médium, daí a semelhança
com ela apresentada pelo fantasma, assim como também no caso da
figura materializada de Iolanda, com a médium D'Esperance. Esse fenômeno
vem reforçar a tese doutrinária da materialização (não existe a
materialização propriamente dita) do espírito. Uma vez admitida a
possibilidade da materialização do perispírito ou duplo do médium,
com maior razão tem-se de admitir a possibilidade da materialização
do espírito - perispírito - dos mortos, sendo inúmeros os casos
deste gênero registrados por autores de reconhecida autoridade. ** Na realidade cometem uma falha lógica flagrante. O médium pode plasmar seu "duplo". Mais ainda, pode plasmar a idéia que tem - ou adivinha - a respeito de qualquer pessoa viva ou morta. Mas não é o vivo nem o morto que aparecem: é a idéia que dele tem o médium. É o médium que plasma. Não são os espíritos dos mortos que se plasmam a si mesmos. Os médiuns são imprescindíveis. Os "inúmeros casos (...) registrados por autores de reconhecida autoridade", entre os cientistas são sempre casos de ideoplasmia. Entre os espíritas, ou são casos que vão contra a hipótese espírita, ou os autores caíram em flagrante erro lógico e de interpretação, "esquecendo" os médiuns.
Nas experiências
de William Crookes, os espíritas acham que as telecinesias se deviam
aos mortos. Mas a verdadeira explicação apareceu manifesta:
Crookes via a Sra.
Fay, que estava atada na cadeira, ela
mesma ao mesmo tempo a mais de dois metros de distância mexendo um
livro.
Fergusson
acompanhava os irmãos Davenport. Deixemos
de lado os freqüentes truques, vulgares e fáceis, pelo intento de
repetir os fenômenos nas contínuas excursões e exibições públicas.
Fergusson viu as mãos
e braços, rostos e inclusive tórax dos irmãos Davenport
que ele conhecia muito bem, movimentando objetos a mais de dois metros
de distãncia dos próprios irmãos Davenport.
"Espírito Guia" é o inconscienteOchorowicz não via o "duplo" da médium Stanislawa Tomczyk.
Mas era o
"duplo" da própria médium quem explicava como se tinham
realizado as experiências - durante vários anos - de escotografia.
O
"duplo" dizia que fora ele mesmo que realizava os fenômenos.
O
"duplo" afirmava não só que se servia da matéria
(ectoplasma) procedente da médium, mas também que era ele, o
"duplo", quem dirigia as escotografias e que nestas
fotografava seu próprio pensamento. Por exemplo
a respeito de um dedal para aparecer na radiografia da mão da médium.
Foi o
"duplo" que explicou que em determinada experiência em
que o médium conscientemente pensava numa mãozinha, saíram,
não obstante, na escotografia diversas imagens da lua porque a médium,
no dia anterior, impressionara-se muito emotivamente pela visão da
lua - testemunha o próprio Ochorowicz -,
e esta emoção é que ficara gravada o "duplo" da médium. E
o que o "duplo" sentia, a médium também sentia. E
vice-versa. "É natural - explica o 'duplo' - porque estamos
unidos. Tanto que o mesmo pensamento sobre a lua que o
"duplo" se atribui a si mesmo diz que era o
pensamento e emoções da médium.
** O
"duplo" era o inconsciente, o próprio psiquismo da médium.
Nestas experiências de Ochorowicz com Stanislawa
Tomczyk tira-se do inconsciente a máscara
ou prosopopéia tipo espírita. Em outros termos: "Espíritos
guias", os espíritos de mortos, não são os que dirigem os fenômenos
de efeitos físicos. É o inconsciente do próprio médium. Análise por um poetaO escritor inglês Wilson Colin interessou-se muito e escreveu muito acertadamente sobre parapsicologia. No aprazível verão na ilha de Maiorca, entrevistou vários poetas a respeito da maior tendência ou maiores manifestações do inconsciente entre eles. O poeta francês Louis Singer era "de um ceticismo cabal" a respeito da interpretação espírita, não a respeito dos fenômenos parapsicológicos, dos quais inclusive tivera experiências pessoais.
"Singer era
um desses afortunados que possuem a faculdade característica dos
poetas que lhes permite um relaxamento total (muito apto á intuição):
ele fala na 'concentração em nada' e em permitir que a mente se
aprofunde num estado passivo' (...). Pedi-lhe um relato de suas experiências
e o resultado foi um extraordinário documento de quinze páginas".
Desse relato
consta o episódio, que agora nos interessa:
Louis Singer, com
intenção de pesquisa não só por grande curiosidade, ligara-se a um
"círculo de desenvolvimento" da mediunidade espírita.
"Eu fechava os olhos, esvaziava a mente, às vezes até
cochilava; mas transe (no sentido de incorporação de um espírito),
nunca!" O diretor do círculo, ainda assim lhe garantiu que
adquiria "espíritos guias", um dos quais fora em vida um
guru da Índia!
Um dia, estando a
sós com uma amiga também do "círculo", Singer meio a sério,
meio na brincadeira com a moça, que acreditava cegamente no
espiritismo, disse: 'Observe, vou fazer o guru aparecer'
. Ela aprovou com a cabeça, e eu fechei os olhos, num transe
superficial. De repente, senti a barriga afundar-se até quase chegar
nas costas. Passado um curto lapso de tempo, abri os olhos e vi que Maud
olhava fixamente para o lado oposto aquele onde eu me achava. Fiquei
aborrecido: 'O que está fazendo? - perguntei. Você concordou em me
observar', 'Pois eu estava observando. Você saiu do corpo e estava
sentado naquela outra cadeira'".
** Isto é, o guru
indiano, o "espírito guia" que Singer desejava plasmar, era
na realidade uma bilocação de si mesmo,
o seu "duplo", o "outro eu", o inconsciente.
Pode haver muitos
graus na divisão da personalidade. O consciente - "primus"
- alguma rara vez fica como testemunha das ações do inconsciente -
"secundus". A médium
D'Esperance era um desses casos raros. Publicou "o que sente um médium
quando os espíritos se materializam". Suas descrições são um
perfeito desmascaramento da prosopopéia espírita.
Estando D'Esperance sentada na sua cadeira de médium á vista
dos experimentadores, em transe acordado, impossibilitada de qualquer
movimento sentia durante as fantasmogênese
com seu ectoplasma o inconsciente dirigia.
"Outra
figura, pequena e delicada, aparece então, com os braços abertos.
Uma pessoa se levanta na extremidade do círculo, aproximando-se, e os
dois se abraçam. Ouvem-se gritos inarticulados: 'Ana!,
Ana!, minha filha!, minha querida filha!' Uma outra pessoa levanta-se
também e abraça a aparição. Sucedem-se logo soluços, exclamações
misturadas com bençãos".
** Como se vê, as testemunhas tomaram
a sério o disfarce ou prosopopéia espírita na ideoplastia do
inconsciente de D'Esperance. Mas por detrás da máscara está o
verdadeiro autor dos fantasmas, a própria D'Esperance:
"Sinto-me
movimentando-me por aqui, por lá. Tudo fica escuro diante dos meus
olhos. Sinto os braços de alguém abraçando-me,
um coração, batendo junto ao meu peito (...) Ninguém está junto a
mim (de 'primus', na cadeira). Ninguém
presta atenção em mim. Olho fixamente aquela figura branca e
delicada, nos braços de duas mulheres enternecidas... Há braços me
rodeando. Senti como nunca o contato nitidamente. Começo a
espantar-me. Quem sou eu? Sou a branca aparição, ou sou a que está
sentada na cadeira? (...) Serei eu o fantasma, ou aquela, não
como chamá-la, que está sentada na cadeira? Certamente os
meus lábios foram beijados, o meu rosto estava todo molhado de lágrimas
que correram abundantemente pelos rostos das duas boas mulheres (...)
Acho-me em mortal angústia. Quanto tempo durará? Eu sou Ana? É
eu?"
O fantasma mais
freqüente realizado por D'Esperance disfarçava-se sob o nome de
Yolanda. Parecia que provinha de longe, completamente diferente de
D'Esperance, "primus".
Mas na realidade,
interrogada pelo Dr. Aksakof, D'Esperance
descreve:
"Quando ela
me toca, a sensação é toda semelhante á que eu experimento
tocando-me a mim mesma. Não sinto como se fosse uma parte dela; mas
sinto, ao contrário, como se ela fosse parte de mim".
"Quando Yolanda está fora e toca alguém ou alguém a toca, eu o
sinto sempre (...) Quando ela agarra alguma coisa, sinto os meus músculos
se contraírem, como se as minhas mãos houvessem agarrado esse
objeto. Quando ela modelou a mão de parafina derretida experimentei
uma sensação de queimadura".
** Yolanda era de
aparência completamente diferente de D'Esperance. Mas sendo Yolanda
na realidade produto do ectoplasma e do inconsciente de D'Esperance;
ou melhor, sendo Yolanda o próprio ectoplasma e inconsciente de
D'Esperance, quando esta via Yolanda tinha a sensação interna de
ver-se a si mesma. E essa era a verdade. D'Esperance expressa esta
sensação incorretamente como se fosse só muito
parecidas.
"Em Newcastle,
eu a vi no meio do quarto quando a cortina se abriu e a luz caía em
cheio sobre ela; vi-lhe então as espáduas e os braços, tão
distintamente como se houvesse visto os de outra pessoa. Via a dama
francesa (Yolanda), e percebia como se eu estivesse mirando-me num
espelho, de tal modo ela se parecia comigo". 2º) A VONTADE
Mesmo em casos de
divisão da personalidade, quando a vontade inconsciente - "secundus"
- dirige os fenômenos, por exemplo de fantasmogênese,
é manifesta a unidade desta vontade com a vontade consciente ou
oficial - "primus" - da própria
médium, do vivo. Assim,
o fantasma de Yolanda feito às expensas do ectoplasma da famosa médium
D'Esperance, parecia uma personalidade autônoma, mas "secundus"
ou Yolanda na realidade dependia e formava uma unidade com D'Esperance
- "primus":
"Quando
Yolanda saía do gabinete, eu a forçava, pela influência de minha
vontade", constatava D'Esperance.
Após excelente e
exaustivo estudo crítico de toda a fenomenologia apresentada pela
maior médium de efeitos físicos, Eusápia Palladino, concluía
Enrico Morselli:
"A
médium não produz os fenômenos em tais condições psíquicas por
ter-se obscurecido sua consciência superior (sendo substituída pela
dos espíritos dos mortos), senão que os fenômenos vêem já
pensados em linhas gerais, e por isso mesmo representados e queridos;
e quando a médium tem formado seu plano, esforça-se então por
entrar no estado psíquico anormal que lhe possibilita manifestar
melhor sua energia exteriorizável para
agir como age".
Exatamente
descrita a vontade do vivo, não dos mortos, como diretora da telergia.
A lição das fraudesMuitos pesquisadores, como o Pe. Heredia, Amadou, Carrington etc., calculam que 98% - ou mais - dos fenômenos parafísicos em sessões de espiritismo são fraudes. Podem ser fraudes inconscientemente arquitetadas e inconscientemente realizadas, como também fraudes conscientes, mas irresponsavelmente realizadas por obsessão compulsiva. Também o CLAP insiste na freqüência, mesmo na necessidade das fraudes, e na admirável habilidade em executá-las. Paradoxalmente podemos dizer que "não há por que desconfiar do médium pego em truque, é necessário desconfiar de quem nunca é pego trucando". Quem truca quando está em transe mostra que realmente está em mãos do inconsciente, e necessariamente recorrerá ao truque quando o fenômeno, que é essencialmente espontâneo, não surgir. Especialmente nas sessões de espiritismo, onde há expectativa geral do fenômeno. O médium que nunca é pego em truque, truca sempre, é um hábil mágico...
Não tem sentido
atribuir as fraudes a espíritos brincalhões ou perversos. Não são
os espíritos dos mortos que trucam: não é um truque transcendente,
por força superior ou diferente da do médium. O truque é feito pelo
vivo. A mais importante lição da realidade tão freqüente dos fenômenos
fraudulentos, inclusive ou precisamente nos melhores
médiuns, é mostrar com luz meridiana que quem
dirige a telergia é a vontade do médium, do vivo.
Á procura do CLAP
A
família do caminhoneiro vivia no Ceará. Onze pessoas na casa
humilde. O caminhoneiro ficava até quatro meses seguidos sem ver
esposa e filhos. De Cenilda, acolhida com
filha de criação há cinco anos, não se sabe a idade. O
caminhoneiro recolheu-a abandonada. Calcula-se que tinha 17 anos.
Apresentava sinais de trabalho muito duro e de ter sido maltratada.
Calada, muito tímida. Não combinava com ninguém da família
adotiva, a não ser com Sérgio, 13 anos, retardado mental.
Uma noite
constataram que na casinha, fechada, entraram
pedras e areia... Os aportes foram se multiplicando. Apareciam e
desapareciam objetos. Muitos objetos quebravam-se após os mais
esquisitos vôos (telecinesia). A família nada pode ter que
facilmente quebre: os pratos, copos... são
de plástico. Dentro dos armários fechados, roupas eram encontradas
rasgadas.
A curiosidade dos
vizinhos foi aumentando. Muitas pessoas observaram diversos fenômenos.
Também vários jornalistas viram alguma telecinesia e aporte. O povo
dizia que a casa estava "mal-assombrada". "O Pe.
Germano, jesuíta, aconselhou a família a procurar o Pe.
Quevedo". Mas não seguiram o conselho... inicialmente.
Então a família
trasladou-se para São Paulo. A "assombração" parou... por
poucos dias. Procuraram bençãos de
padres, exorcismos, e até - mesmo não acreditando em espiritismo - médiuns,
terreiros de umbanda e casas de espiritismo Kardecista.
Tudo em vão.
"Um dia,
Joana D'Arc, a mais velha das filhas, 18 anos, por fim procurou auxílio
do
Pe. Quevedo, do CLAP". O CLAP enviou o
pesquisador Salvador Garcia Doreste:
1º)
Preferentemente rasgavam-se as roupas de Joana D'Arc.
Raras vezes
apareceram também rasgadas de alto e baixo roupas
da mãe. ** Tudo indica que o espírito (?) não sabia que estes vestidos eram da mãe, porque os usara Joana D'Arc, que ficara sem roupas, de tanto aparecerem rasgadas as suas. Sem remédio...
Joana
D'Arc inclusive, em emergência, usou duas camisas do irmão maior:
depois de lavadas, apareceram também rasgadas no armário.
2º) Todos
os fenômenos, clara e até descaradamente, eram contra Joana
D'Arc, sem jamais atingi-la. ** A inveja de Cenilda contra ela era também clara e até descarada, pouco dissimulada...
3º)
Cenilda nunca sentiu medo dos fenômenos,
mesmo em meio ao pânico do resto da família.
** É
típico que o próprio agente até goste dos fenômenos.
Definitivamente são fenômenos que respondem à sua própria vontade
inconsciente. Mesmo quando às vezes respondem a um desejo de autopunição
ou autodestruição...
4º)
Todos os quadros e adornos já se tinham quebrado, mas não se
quebrara nenhuma estatuinha de santo.
** É outro fato
curioso e significativo: Cenilda,
profundamente supersticiosa, tem medo de imagens de santos.
5º)
Nem se quebrou nenhum quadro ou fotografia onde apareça o pai da família...
**... o
caminhoneiro quase sempre ausente que se compadeceu de Cenilda
e a recolheu...
6º)
Um dia a mãe falou energicamente em defesa de Joana D'Arc. Pouco
depois quebrou-se violentamente a janela do
quarto da senhora.
** Um espírito se
acomodaria tão claramente à vontade de Cenilda?
Ela inconscientemente queria prejudicar a família, sem que o
consciente pudesse reconhecer a revolta: a agressão por meios
parapsicológicos é a saída encontrada pelo inconsciente, sem
remorsos de consciência. Por exemplo:
7º)
Uma vez a mãe comentara com a família que "o espírito"
bem que poderia acertar na loteria esportiva, ao menos como reparação
de tanta animosidade e tanto prejuízo. Mas impossível preencher as
cartelas. No dia seguinte apareceram quebradas todas as canetas da
casa (todos os filhos, menos Sérgio -retardado - e Cenilda,
estudavam: antes abundavam as canetas).
8º)
Quanto mais tenso é o estado em que se encontra Cenilda,
quando ela está mais desgostada ou mais revoltada, acontecem fenômenos
mais freqüentes ou mais notáveis.
Após
breve tratamento, Cenilda sarou.
**
Conclusão: neste caso - como em todos -, pode-se fazer a psicanálise
do que o inconsciente quer manifestar. Vontade do vivo! Nada a ver com
espíritos de mortos! Palmada... no colchãoÁs vezes, para o observador não-especializado pode ser difícil desvendar a vontade do inconsciente.
Florinda
P. P., 30 anos, sofre porque o esposo "estava trocando-a pelos
negócios". Ao menos deveria voltar para casa nos fins de semana.
Aquela noite, Sexta-feira, começava mais um fim de semana, e o marido
ausente...
Florinda é
perfeccionista. Sua casa parece uma tacinha
de prata: sempre tinindo de limpa. Tudo bem arrumado. Precisamente por
isso sofre: seu único filhinho, 3 anos,
ainda continua urinando na cama... E o cheiro...
Naquele Sábado de
manhã, Florinda estava uma pilha de nervos. A
empregada pusera no quintal, ao sol, o colchão do menino. Florinda
foi fazer o almoço.
Gogo,
óleo... "Bem que Fulvinho merecia
uma palmada no bumbum". Quando a empregada foi revirar o colchão,
deu um grito apavorada. Acudiu Florinda. O
colchão estava manchado de óleo; houve fogo, no centro, onde deveria
estar a mancha provocada pela enurese de Fulvinho.
E a pirogênese deixara perfeitamente
marcada a palma da mão. Exatamente a forma e as medidas da mão de
Florinda. Ela pôs a mão na marca. Conservamos o colchão no museu do
CLAP. Não manifestou medo nenhum, contrastando com o pânico da
empregada.
O muro era altíssimo,
ninguém poderia ter entrado, muito menos sem ser visto, porque as
duas mulheres ficavam na cozinha: a porta aberta e a janela davam para
o pequeno quintal. As duas, diríamos, vigiavam-se mutuamente... Logo
visitas, amigos, vizinhos, curiosos: "É um espírito",
"é alma penada". A empregada identificou: É fulano de
tal... que jurou acabar comigo com macumbarias". ** Alguém recorreu ao CLAP e o CLAP enviou a pesquisadora Maria Cristina Backer para comprovar os fatos e transmitir a explicação. Florinda, sozinha, não compreenderia nem aceitaria nunca suas próprias ações inconscientes: irritação como o fogo que acabava de acender. O óleo, que estava usando, também cheira mal, mas o cheiro logo desaparece com o fogo; por que não some o cheiro do colchão? Conscientemente não pode admitir o desejo de bater na criancinha... E o inconsciente exteriorizou tudo: fogo, óleo e palmada... no colchão! 3º) AS CARACTERÍSTICASFlorrie,
menina Barulhenta e "Atlética". Tinha dez anos. Inteligente
e vivaz. Seu
pai, advogado, e a mãe, em Kingstown,
estavam aborrecidos pelas pancadas e outros barulhos (tiptologia) que
se ouviam ao redor de Florrie. No começo
suspeitaram, até amargamente, da filhinha. Depois a professora e os
colegas do colégio também se queixaram. E a professora de música
afirmava que o piano, em freqüentes ocasiões dava fortes estalos
quando a menina o dedilhava. Convencidos de que o truque era impossível,
chamaram o professor Barret, em cuja
grande cultura confiavam. Dr. William Barret, Membro da Sociedade Real, precisamente a partir deste caso interessar-se-ia muito por parapsicologia, e nela terminaria adquirindo grande autoridade até hoje. Partiu do suposto de que todos os fenômenos parafísicos, se não fossem fraude - o que lhe parecia impossível em experiência realizadas por sábios bem conhecidos por ele, como Crookes e Morgan -, tinham de ser alucinações. Foi
pesquisar pessoalmente. Durante várias semanas o casal M. C. e a
filha Florrie ficavam na sua frente, bem
visíveis mãos e pés, à plena luz. Logo ouviram-se
umas arranhadelas na madeira de mesa e das cadeiras. Depois,
marteladas no assoalho. As pancadas tornaram-se mais fortes sempre que
ensaiavam uma canção alegre. As pancadas acompanhavam engraçadamente
o ritmo, e o mesmo as arranhadelas na
madeira, com som semelhante ao do ranger de um violoncelo. Entabulavam
diálogo com as tiptologias. Iam
pronunciando pausadamente as letras do alfabeto. Uma pancada precisa
ia marcando as letras necessárias para formar as palavras das
respostas. Barret repetidas vezes colocou
o ouvido nos locais de onde procediam as tiptologias
e percebia nitidamente as vibrações rítmicas no interior da
madeira. Às vezes, as pancadas se deslocavam
a pedido. Um dia Barret pediu que
batessem bem perto dele, entre suas mãos postas acima e embaixo do
tampo do velador. Foi atendido. E experimentou nitidamente a vibração
das pancadas entre suas mãos. Barret
experimentava umas vezes ficando só com Florrie,
outras vezes na presença também dos pais, outras vezes pedia a
colaboração de outras pessoas. Os fenômenos não eram afetados
sistematicamente pelo número de pessoas - a única presença
imprescindível era a de Florrie.
**
Assim Barret viu ruir plenamente sua
teoria de alucinação. Quem
respondia? Esse tipo de diálogo por pancadas, assim como outros métodos parecidos, é clássico no espiritismo. O fenômeno físico é realizado pela energia física (telergia) dos vivos. Continua a pergunta: quem dirige essa energia? O
Dr. Barret fez a pergunta nas suas experiências,
as pancadas responderam, em várias sessões, que era um rapaz chamado
Walter Hassey. A Sra. C. informou que, ás
vezes, quando ia dar boa noite à filha, surpreendia-a conversando com
seu amigo, que respondia por pancadas. Um
dia, Barret e os pais de Florrie
viram a mesa de 1,20m, pesada, inclinar-se sozinha, erguendo-se de um
lado uns 40cm. A pedido de Barret, uma vez
a mesa levantou dois pés, depois os outros dois, mantendo-se no ar
durante segundos, a 20 ou 25cm do solo. Em outra oportunidade a mesa,
sem qualquer contato com nenhum dos assistentes, deslocou-se em marcha
irregular. ** Espiritismo? A favor da interpretação espírita não se pode argumentar com a grande força física de algumas manifestações. Quanto mais difícil o efeito físico, mais motivo para atribuí-lo aos vivos! Aliás,
como acontece em certas circunstâncias, o sistema
"alavanca" e o aproveitamento máximo das forças musculares
e nervosas de Florrie explicariam os
fatos. Também
bastaria o efeito polipsíquico, pequena
colaboração da telergia dos circunstantes. A
análise dos fatos mostrou ser verdadeira a lógica suspeita de que
Walter Hassey fosse simplesmente a
personificação do inconsciente de Florrie: O
Dr. Barret analisou várias respostas tiptológicas.
Eram simples, alegres, ingênuas. Tal qual a personalidade da própria
Florrie. Mais ainda, com o mesmo modo de
construir frases. E com os mesmo erros de ortografia de Florrie! **
Portanto, irrefutavelmente, era ela quem dirigia a telergia!
4º) O AMBIENTE
Há algum fenômeno parapsicológico de efeito físico que seja exclusivo do ambiente espírita? Nenhum. Todos os historiadores de fenomenologia concluíram que todos os fenômenos são de todas as épocas, de todos os povos e de todos os ambientes. Portanto, humanos. Onde há homens há toda essa fenomenologia. E, logicamente, as interpretações são muito diferentes, de acordo com as diversas civilizações. Os próprios mestres do espiritismo reconhecem-no. Pretender, então, incorporar tudo às comunicações dos mortos, é uma pretensão descabida. Concretamente
dentro da hagiografia católica - sem contar os milagres -, os fenômenos
parapsicológicos, humanos, de todo tipo, são muito mais freqüentes
e muito mais importantes do que nos mais destacados médiuns... E
melhor comprovados. O grande historiador do grupo dos "bolandistas"
e magnífico parapsicológico da SPR, (Sociedade de Pesquisas Psíquicas,
de Londres), Pe. Herbert Thurston, S.J.
fazia constar: "No estado místico ocorrem realmente fatos irreconciliáveis com as leis comumente conhecidas na natureza (isto é, fenômenos parapsicológicos) (...) e de tais fenômenos existem melhores provas, publicadas nos nossos documentos hagiográficos, do que todas as que até hoje apresentaram os espíritas". Tal
constatação, indiscutível e indiscutida, na realidade é
terrivelmente contra o espiritismo. Os espíritas, de acordo com sua
doutrina, não podem negar que possa haver comunicações de espíritos
superiores" seriam Jesus Cristo, Nossa
Senhora, outros santos e o próprio Deus! (que não é espírito de
morto!)... São mais numerosas, durante mais séculos, mais unânimes
de conteúdo do que as comunicações espiritóides.
E não se atreveriam a qualificar como médiuns inferiores os grandes
místicos católicos. Portanto estariam forçados, se tivessem um mínimo
de lógica, a aceitar a doutrina católica e rejeitar e destruir assim
a doutrina espírita, em muitíssimos pontos, completamente diferente
e até oposta... Mas a conclusão aqui visada é que estando os fenômenos
presentes em todas as épocas e ambientes, e portanto humanos -
prescindo, repito, dos milagres divinos - o
fato prova necessariamente que o diretor da telergia nos fenômenos
parafísicos é o próprio homem vivo, não os espíritos dos mortos. Stanislawa Tomczyk compreende a realidadeA inteligência prodigiosa de Stanislawa Tomczyk - a médium de fantasmas tão badalada pelos espíritas -, não ficou atrás do grande Jung na auto-análise. Ou melhor, o talento parapsicológico do seu inconsciente conseguiu explicar a realidade ao próprio consciente. "Secundus" tira a máscara que inicialmente teve de usar para ser aceito por "primus". Os mestres espíritas nunca conseguiram ver o que se encerra atrás das prosopopéias...
Resume o Dr. Fardwel:
"Stanislawa
não acreditava na interpretação espírita. Para ela os fenômenos físicos,
tais como aportes de objetos, telecinesias etc., são produzidos por
uma personificação com os mesmos atributos que os espíritos guias.
Mas Stanislawa diz que essa personificação,
a qual designa com o nome de 'pequena Stasia',
não é um espírito desencarnado que transitoriamente regresse a
nosso plano (...) 'vejo minha pequena Stasia
- diz a médium - como uma boneca do tamanho de uma menina muito
pequena, com o cabelo solto os olhos escuros e
cheios de vida, sorridente, plena de doçura e amabilidade'.
Segundo esta médium a pequena Stasia é
uma entidade fluídica (ectoplasmática) derivada dela mesma, isto é,
o duplo fluídico de Stanislawa. Á
pequena Stasia devem-se atribuir todas as
surpreendentes ações que a presença do médium exerce sobre os
objetos inertes". ConclusãoA modo de conclusão, reproduzo as palavras certa a evolução de Tizané, que se deduz do seu livro sobre fenômenos parafísicos espontâneos. Qualquer um pode verificar a evolução da sua mentalidade. É muito significativo que o próprio Tizané escolhe: "Diário das investigações desde 1925 até 1933, por um incrédulo". Descrevi assim sua evolução:
"O livro
inteiro mostra as vicissitudes de um delegado de polícia que nunca
acreditara nas faculdades parapsicológicas. Perante os fatos, não
conseguindo pegar em flagrante os malfeitores, por modo de pegá-los.
Comprova que quase sempre os fenômenos estão em relação com
adolescentes, e neles concentra suas suspeitas e observações. Não
conseguindo pegá-los em flagrante vai comparando casos, arquitetando
hipóteses, sopesando-as com as observações policiais, dirigindo a
polícia em determinadas direções. Interroga como consumado
'Sherlock Holmes'. Revista inclusive as hipóteses
demoníaca, espírita... Até que descobre e aceita plenamente a
telergia parapsicológica dirigida pelo inconsciente de pessoas
problemáticas". Pe. Oscar G. Quevedo S.J. |