Pantomnésia e Deja Vú

   Nosso inconsciente é um perfeito gravador, ao qual nada escapa, em qualquer fase de nossa vida. A palavra "Pantomnésia", na sua origem etimológica, significa memória de tudo. Registra tudo e nada esquece.

   Já Swedenborg (1688-1772) entreviu esse fato, hoje cientificamente comprovado. "Tudo aquilo que o homem ouve, vê e sente de qualquer modo, insinua-se, como idéias ou afins, em sua memória interior, sem ciência dele; e tudo aí se conserva, sem nada se perder, ainda que as mesmas coisas fiquem obliteradas em sua memória. Nela também se acham inscritos todos os fatos particulares e íntimos que em qualquer tempo pensou, falou ou fez, e, mesmo, os que lhe aparecem como uma sombra, com as minuciosas circunstâncias, desde a sua primeira infância à sua extrema velhice."

   Quase todos os casos de "Já visto" ("dejá vu") se explicam pela memória do inconsciente. É relativamente freqüente o caso de pessoas que, chegando a determinado lugar, declaram que já o conhece sem nunca terem estado lá. E se fizermos testes exatos apuraremos que dão realmente certo. Vejamos então um caso exemplificando Pantomnésia.

   Uma anciã, ao passar por lugar "no qual nunca estivera", "adivinhou", de repente, que naquele local tinha havido plantações de violetas. Fato surpreendente, porque aquele local, edificado e central, não poderia sugerir tais plantas anteriores. Mas a senhora, sem poder explicar o motivo, estava convencida do que afirmava. Fizeram-se averiguações e comprovou-se que de fato, há mais de trinta anos, naquele local se tinha derrubado um edifício, tendo ficado acertado que, até a nova construção, o terreno serviria para plantações de um famoso jardineiro. A senhora, porém, ignorava absolutamente esta circunstância.

   O tempo encarregou-se de elucidar a questão. O marido da senhora, intrigado também, pensou muitas vezes no assunto. Um dia, quase de repente, lembrou-se de que, pouco antes de ser vendida a propriedade, ele mesmo comprara lá um ramalhete de violetas para sua esposa, então convalescente de uma doença. A esposa se lembrou de que seu marido, ao dar-lhe as flores, lhe dissera onde as comprara.

   Ambos haviam se esquecido, mas o inconsciente "não esqueceu nada". Ao passarem por aquele lugar, trinta anos após, efetuou-se a associação das idéias e brotou a misteriosa lembrança. Como já citamos, o inconsciente não esquece nada. (Cf. "Enciclopédia Ilustrada Europeo-Americana", Madri-Barcelona, Espasa-Calpe, no artigo "Vaticinio", Pág. 382. – " A Face Oculta da Mente", Pe. Oscar G.-Quevedo, Ed. Loyola, pág. 111).

 

Michel Dias Rosa

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