Hip – Descobrindo segredos

    A moça, voltando de uma cartomante, conta, impressionada, às amigas, que a vidente adivinhou coisas de seu passado, das quais nunca havia contado à ninguém.

   Casos como este são bastante comuns e, mais uma vez, a explicação científica derruba os mitos da magia.

   Já vimos, anteriormente, que todos somos capazes (ao menos inconscientemente) de captar os mínimos estímulos, através de nossos sentidos. Esses estímulos descansam no inconsciente, podendo ou não passar, eventualmente, ao consciente.

   Mas, poderíamos, com nossos sentidos, captar o pensamento de outra pessoa?

   Diretamente não, pois o pensamento em si é algo imaterial, que escapa aos sentidos. A ciência, porém descobriu que todos temos movimentos involuntários e inconscientes, que correspondem às nossas idéias.

   E foi mais além: tudo o que pensamos reflete em nosso corpo, através de sinais ou gestos, ainda que mínimos.

   Uma experiência que demonstra bem a relação entre idéias e movimentos inconscientes é a do pêndulo: sobre uma folha de papel traça-se um círculo e, cortando-o, duas linhas perpendiculares entre si. A pessoa da experimentação mantém sobre o círculo um pêndulo, não excessivamente pesado, segurando-o pelo extremo do cabo com as pontas dos dedos.

   Nessa posição, a pessoa pensa em qualquer dos desenhos que há sobre o papel: o círculo ou uma das linhas perpendiculares. Se ele pensa no círculo, por exemplo, sem fazer nenhum movimento consciente, o pêndulo começa, aos poucos, a oscilar em círculo, aumentando, depois, em amplitude.

   Se a pessoa muda de pensamento, escolhendo uma das perpendiculares, o pêndulo começa a mudar de direção.

   Outras tantas experiências foram feitas pela ciência, desde 1813, mostrando que o corpo reflete o pensamento. E a relação entre imagem mental e reflexo fisiológico é tão íntima, que não só o que pensamos provoca uma mímica externa, como também, dá-se o inverso: a mímica, o gesto, a atitude tendem a provocar a idéia, o pensamento.

   "Os que choram porque estão tristes e os que estão tristes porque choram".

   Campanella, célebre filósofo e fisionomista, quando queria saber o que se passava no espírito de outra pessoa, observava-a atentamente e procurava imitar, em si próprio, a atitude e fisionomia dela. Podia, então, analisando seus próprios sentimentos, deduzir os da outra pessoa.

   Concluindo, uma pessoa pensa, e traduz seus pensamentos em sinais, ainda que imperceptíveis a nível consciente. Outra pessoa capta esses sinais e os transforma em pensamentos, que ficam guardados no inconsciente. Esses pensamentos podem passar ao consciente, e temos, então, um caso de adivinhação.

   A esse processo de conhecimento foi dado o nome de HIP – Hiperestesia Indireta do Pensamento e, dentre os fenômenos parapsicológicos, é o mais freqüente...

   Assim, por esse processo, podemos conhecer os pensamentos de todos que nos cercam, pelo menos (e felizmente) a nível inconsciente...

 

Maria Lúcia Moisés Ruiz

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