ORTODOXOS

É muito, muito mesmo, o que une o Catolicismo e as Igrejas Ortodoxas. E “pouco” o que os separa. Só que as Igrejas Ortodoxas são... cismáticas, isto é, inicialmente católicas, separaram-se, já no século VI com o cisma sírio, no século IX o cisma de Bizancio (quando os cismáticos começaram a auto-adjudicar-se o nome de ortodoxos), no século XV o cisma russo, no século XVI o cisma grego.

Ortodoxos ou cismáticos, cisma ou separação, não reconhecendo o primado do Papa ou Sumo Pontífice de Roma como sucessor do apóstolo São Pedro, adjudicando a suprema autoridade religiosa, por exemplo os ortodoxos russos primeiro ao Patriarca de Kiev, depois ao de Moscou, depois ao Sínodo, voltando depois o primado a Moscou... Os ortodoxos gregos consideram Papa o Patriarca de Atenas. Os ortodoxos sírios (ou jacobitas, do fundador bispo Jacob Baradaus) consideram Sumo Pontífice o patriarca de Antioquia e o Patriarca de Alexandria... Também internamente sofreram numerosas divisões ou novos cismas: “os velhos crentes” do Patriarca Nikon, os Khlysts, os Skoptsi, os Dukhobors, os Molokons, os Judaizantes, etc.

Ortodoxia significa reta doutrina. Qual é a reta doutrina na arbitragem divina , a dos cismáticos ou a dos católicos?:

São André Bobola, jesuíta. Grande e incansável pregador, percorreu a Polônia e principalmente toda Lituânia combatendo o cisma russo. Encolerizados por sua heróica resistência a apostatar sua fé no primado de Roma, como lhe exigia os soldados cismáticos, infligiram-lhe um dos martírios mais cruéis da História. Tantas e tais agressões, e outros fatores, teriam de facilitar e acelerar a corrupção...Por fim, coberto de sangue, sem poder mover-se mais que em convulsões, jogam-no numa estrumeira. Uma hora mais tarde, o capitão, passando por lá, mata-o com um golpe de sabre no pescoço.

Algumas horas depois, os católicos, às pressas por medo da perseguição cismática, recolhem o cadáver do mártir e o enterram ocultamente simplesmente embrulhado num lençol dentro de um rústico caixão na chão da cripta da Igreja dos jesuítas, onde já havia outros corpos em decomposição.

Quarenta e quatro anos depois, o Pe. Martinho Godebski, reitor, querendo escolher o heróico mártir André Bobola como protetor do colégio, manda escavar na cripta para recolher os ossos. A cripta estava quase inundada, ao ponto que todos os caixões estavam estragados e os ossos de todos os outros jesuítas que lá haviam sido enterrados estarem de fato muito deteriorados.

E Deus “assinou” pelo primado do Pontífice de Roma contra o cisma. De Santo André Bobola as vestes estavam completamente podres, “e ao serem tocadas com os dedos desfaziam-se em pó”... Mas o corpo de São André Bobola, apesar das centenas de feridas, estava perfeitamente incorrupto, perfeitamente flexível; sua pele, carne e músculos macios ao tato, e o sangue que cobria e rodeava suas feridas estava como recém-derramado, “fresco, vermelho. Não percebemos nenhum mal cheiro, pois seu corpo achava-se como se houvesse sido sepultado naquele momento”, pelo contrário “o odor era suave e agradável”. O corpo foi então passado a um féretro novo e colocado destacadamente na cripta mortuária.

Inspeção oficial em 1719, 62 anos após o martírio. De novo achou-se o corpo absolutamente incorrupto. Cinco médicos e farmacêuticos fizeram declaração jurada do fato e de que não se havia empregado qualquer remédio para a conservação. Novos exames oficiais e os mesmos testemunhos em 1730. Em 1808 o corpo foi trasladado e exibido por diversas cidades de Rússia. Novo exame oficial em 1830. Em 1835, após exame e rigorosas análises, a Congregação dos Ritos reconheceu a incorrupção como um dos milagres para a Beatificação, por Pio0 IX, do jesuíta martirizado pelos cismáticos ortodoxos. Novamente examinado por uma comissão imperial russa em 1866. E mais uma vez em 1896. Na solene exposição à veneração pública em 17 de setembro de 1917, a mesma perfeita incorrupção.

A 23 de junho de 1922 um pelotão das tropas bolcheviques jogou o corpo pelo chão, deram-lhe pontapés..., até que os encarregados da igreja conseguiram que os oficiais do exército mandassem terminar com a sacrílega profanação e levar o mutilado corpo para um museu de Moscou. Pio XI o recuperou trazendo-o para Roma, quando a canonização de São André Bobola.

E novas análises e exposições públicas em Budapeste e depois na Polônia nas catedrais de Varsóvia e Cracóvia.

Hoje, três séculos e meio após a morte, o corpo está visível num relicário de prata e cristal sob o altar-mor na igreja do seu nome em Varsóvia. O corpo está já parcialmente cartonado (seco, escurecido, rígido) e o cartonamento é claramente progressivo com o decorrer dos anos. Mas ainda está em admirável estado de preservação, perfeito testemunho da sua anterior milagrosa incorrupção.

São Josafá, fora batizado e educado na igreja cismática grega. Com uma grande multidão voltou oficialmente à Igreja católica, em 1595, à idade de 16 anos. Vinte e dois anos mais tarde, em 1617, foi ordenado Arcebispo de Polozk. E seu principal trabalho foi procurar a volta dos ainda cismáticos à união com Roma. E por isso foi martirizado pelos cismáticos a 12 de novembro de 1623. Após o martírio, jogaram seu corpo no rio, onde ficou durante uma semana.

E Deus assinou pelo Primado de Roma. Quando os católicos recolheram o cadáver do mártir do primado romano, seu corpo estava completamente incorrupto, e nada sofrera dos peixes... Foi enterrado num túmulo na Igreja de Santa Sofia. E cinco anos mias tarde foi encontrado ainda totalmente incorrupto, apesar de que a umidade excessiva deteriorara plenamente suas roupas. Em novas análises oficiais em 1637, 14 anos após o martírio, e em 1674, 47 anos após a morte, igualmente a umidade excessiva de novo estragara completamente as roupas, mas o corpo de São Josafá estava perfeitamente, com dormindo. As muitas feridas do martírio estavam como se acabassem de ser infligidas, e sangrou por algumas delas quando os médicos as cutucaram um tanto menos suavemente. Exalava óleo perfumado.

Beata Margarida de Lorena, Duquesa de Alençon. Aos trinta anos de idade quatro anos após o casamento, ficou viuva e com três filhos. No meio e em reação e para dar exemplo aos Jacobitas, cismáticos sírios, sempre que podia entre as tarefas de mãe viuva e do governo do ducado, retirava-se ao convento católico das clarissas. Foi uma proveitosa chamada de atenção para alguns cismáticos de boa vontade, que assim voltaram ao catolicismo, mas outros muitos debochavam e até rudemente criticavam o proceder da Duquesa. Quando os filhos foram maiores, a Duquesa de Alençon cedeu o título e o governo e entrou definitivamente na Ordem das Clarissas, em Argentan, até sua morte em 1521. Foi enterrada no próprio convento.

Dois séculos e meio depois!, em 1792, encontraram seu corpo perfeitamente incorrupto. “Felizmente” então retiraram o coração para envia-lo, como relíquia, ao mosteiro das clarissas de Alençon. O corpo incorrupto foi transferido para a igreja de São Germain na mesma cidade de Argentan.

Em 1921 foi beatificada a Duquesa de Alençon, e mais uma vez a cegueira e preconceito no intento absurdo de negar o milagre: os cismáticos jacobitas destruíram completamente o corpo da beata Margarida de Lorena, só fora resgatados uns poucos ossos... Mas felizmente salvou-se o coração. Continua hoje perfeitamente incorrupto, e fica como “a marca” da incorrupção milagrosa em que estava todo o corpo.

Etc., entre tantos milagres como “arbitragem” divina a favor do catolicismo e concretamente do primado de Roma e contra o cisma.

Embora (desesperado intento de defesa), os cismáticos considerem “incorruptos” os 73 corpos da cripta de Pescery, em Kiev. Na realidade mumificados naturalmente de modo muito parecido aos célebres cadáveres dos capuchinhos de Palermo (pela bactéria Hipha Pombicina Pers), que muito nos interessarão quando estudemos o tema da falsa incorrupção (mumificação, congelamento ou criónica, embalsamamento, sequidão, calcificação, saponificação, etc. etc.). Também consideram “incorruptos” os corpos do eremita, por eles canonizado, “são” Basílio de Ostrog, na realidade efeito da extrema sequidão do terreno, como os “incorruptos” de Perú e outros; e do também por eles canonizado “são” Pedro I de Vladika, em Cetienje, falecido em 1830, e já “cadáver seco, duro como a pedra”!, sem dúvida efeito de congelamento e principalmente da quantidade de cal no terreno.

Entre os cismáticos conservam-se dezenas de cadáveres incorruptos, mas todos, absolutamente todos, de antes do cisma. Depois que se separaram do Primado de Roma não houve novos incorruptos de cismáticos. Os católicos temos vários milhares! O que não deixa de ser também muito significativo como arbitragem de Deus.

Etc., etc. Pode duvidar-se se convêm acrescentar aqui, precisamente dentro da classificação referente à arbitragem frente a igrejas ortodoxas ou cismáticas, casos como:

Santa Rosa de Viterbo. Morreu com só 17 anos de idade a 6 de março de 1252. Enterrada na igreja de Santa Maria, em Pódio, seu corpo foi encontrado perfeitamente incorrupto seis anos mais tarde quando quiseram trasladar seus “ossos” ao convento de Santa Maria das Rosas, onde em vida não a admitiram por falta de dote! Um século mais tarde, em 1357, seu corpo incorrupto ficou completamente incólume ao fogo que destruiu a igreja do convento. Foi então trasladado ao mosteiro das clarissas, que a partir de 1457, ano da canonização, honrou-se com o nome de Santa Rosa de Viterbo, naquela cidade. Lá está exposto à veneração pública até hoje o corpo da jovem santa. Logicamente pela fumaça e fogo que suportou e pela poeira que lhe caiu acima durante sete séculos e meio pouco protegido o corpo que podemos admirar hoje está escurecido. Mas completamente incorrupto, plenamente flexível. Em 1921 extraíram-lhe o coração (oh!?) e todos os anos, no dia 4 de setembro, dia da festa da santa, o coração, perfeitamente incorrupto, dentro de um relicário é passeado em procissão pela cidade.

O mais destacado na vida de santa Rosa de Viterbo foi a sua pregação a favor da liberdade inclusive política que precisava o Papa. Uma vez os partidários do Imperador encontraram-na pregando a favor do Primado de Roma. Expulsaram-na de Viterbo. A jovem continuo a pregar como campeã do Papa em Soruiano, Vitorchiano e outras cidades, até sua morte prematura. E Deus assinou a favor da autoridade e necessária independência do Papa e contra qualquer cisma: Maravilhosa incorrupção. Ficará incorrupta por quanto tempo mais de sete séculos e meio?

Até certo ponto pertinentes também à classificação ou categoria como arbitragem divina entre católicos e cismáticos são casos como:

São Peregrino Laziosi teve que escolher entre seguir os critérios do pai, político do partido que defendia a total autoridade do Imperador de Alemanha, ou os critérios da mãe profundamente leal ao Catolicismo e portanto à máxima autoridade religiosa do Papa e necessária independência.

E Deus arbitrou e assinou. Em 1639, três séculos após a morte do venerado “padroeiro universal dos doentes de câncer”, ao pretender trasladar os “ossos” para um relicário esplendoroso na Capela do Mosteiro dos Servitas, em Forli, encontraram o corpo completa e perfeitamente incorrupto! Em 1958, 16 de abril, realizou-se o último exame oficial. Parte dos ossos das pernas estavam aparentes, efeito dos ratos e das traças (Deus respeita a liberdade humana, mesmo nesta falta de respeito dos responsáveis pela magnífica relíquia!). Mas ainda estavam perfeitamente cobertos a cabeça, o pescoço, o tórax, os braços, a parte inferior das pernas e os pés, embora tudo cartonado (já seco, rígido e de cor escura). Sete séculos após a morte! Hoje o corpo cartonado está coberto de prata e assim permanentemente exposto através dos vidros do seu relicário. Fica “a marca” permanente da anterior incorrupção milagrosa.

Santa Catarina de Siena. Ofereceu sua vida, com só 33 anos de idade, em expiação reparadora, colaborando com Cristo para a Redenção pelo lamentável cisma que então sofria a Igreja. Morreu a 29 de abril de 1380.

Deus respeitou a liberdade dos que rejeitaram a suprema autoridade religiosa do Pontífice de Roma, mas assinou a favor do Catolicismo com a incorrupção do corpo da santa. O corpo de Santa Catarina de Siena ficou exposto durante três dias, antes de ser enterrado no cemitério adjunto à igreja de “Santa Maria sopra Minerva”. Lá água alcança abundantemente e corrompe rapidamente todos os cadáveres.

Menos o de santa Catarina. O confessor da santa, hoje beato Raymond de Cápua, quis que os “ossos” da santa fossem trasladados com honras a um relicário na capela do Rosário, na mesma igreja. E encontraram o corpo perfeitamente incorrupto. As roupas estavam completamente estragadas desfiando-se com só toca-las. Logicamente o corpo estava todo coberto de barro, mas uma vez lavado apareceu absolutamente perfeito, branco, belo. Em 1430, isto é, 50 anos após a morte, ao ser trasladado o corpo de Santa Catarina de Siena à Basílica que levaria seu nome, continuava completamente incorrupto.

Com o lento mas progressivo cartonamento através dos séculos foi cada vez mais fácil e, lamentavelmente, muito freqüente extrair pedaços do corpo para relíquias! A partir de 4 de agosto de 1855 nada mais podem os devotos (quase iconoclastas!) “roubar”, porque o sarcófago foi “encerrado dentro de um muro” no altar-mor, sob uma imagem da venerada santa, na Basílica de Santa Catarina, em Siena. O progressivo cartonamento e até hoje permanente do corpo e de todos os seus extratos, constituem outras tantas “marcas” da milagrosa e perfeita incorrupção anterior, com a que Deus arbitrou e assinou a favor do Catolicismo contra os cismas.

Etc., etc.

Pe. Oscar G. Quevedo S.J.

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