OS FANTASMAS... DOS VIVOS |
||||||
Joy SnellA enfermeira Joy Snell foi famosa vidente de fantasmas: Na sua autobiografia, conta que uma noite acordou sobressaltada e viu com toda nitidez sua amiga Maggie. Estavam apagadas todas as luzes, mas o fantasma de Maggie inundava de clara luz (fotogênese) todo o quarto. Falando com nitidez (psicofonia) "Maggie" diz: "Sei que vou morrer dentro em pouco. Vim pedir-te que venhas assistir-me em meus últimos dias". Uma semana depois a enfermeira Joy Snell é chamada pela família de Maggie: encontra-a somente resfriada, saúde perfeita... Maggie não tinha nenhum pressentimento de morte; nem acreditava que (como fantasma) tivesse ido visitar e chamar sua amiga enfermeira. A enfermeira Joyl confessa não compreender que Maggie nada soubesse: "Esse é um mistério que não consigo explicar. Durante minha vida tive numerosas experiências de aparições de vivos (projeção alucinatória daquilo que foi captado por sugestão telepática -ST-), dirigiam-me a palavra (psicofonia procedente da própria vidente) e eu também falei com eles. Mas verifiquei que eles não tinham lembranças de se terem comunicado comigo" E a precognição (Pcg) foi verdadeira: Uns três ou quatro dias depois, Maggie sofre súbita crise e falece nos braços da enfermeira amiga, antes que o médico tivesse tempo de acudir ao chamado. Gurney, Myers e Podmore, os fundadores da "Society for Psychical Research" (SPR) de Londres verificaram que a quase totalidade dos fantasmas representam pessoas que ainda estão vivas. "Phantasms of the Living" ("Fantasmas de Vivos") é o título da sua obra clássica. Os fantasmas, a voz, a luz...: os fenômenos de efeitos físicos (quando realmente físicos, não mera alucinação) não se devem aos espíritos (?) dos mortos, são projeção orgânica, física, material dos vivos (telergia, quando invisível; ectoplasma, quando visível).
DIFICULDADES DOS VIVOS
Não só nos fantasmas de vivos, ou de coisas materiais, senão também quando representam um morto, tudo e as dificuldades são do médium. A melhor fantasmogênese com Eusápia Palladino, a melhor controlada, perante cinco observadores: Pouca luz: uma vela colocada em outra sala, porta entreaberta. Entre as cortinas, entre as quais estava Eusápia, mostra-se repetidas vezes, rapidamente, o busto de uma mulher. Beija e abraça Evaristo Testa carinhosamente. Com dificuldade consegue responder a Evaristo: "Sou tua mãe, meu filho". Não consegue mostrar-se bem visivelmente. Nem o próprio Evaristo Testa, nem Bozzano e Avelino conseguem distinguir o rosto do fantasma. Fuggioni e Pastorino, porém, melhor colocados com respeito à escassa luminosidade, declaram que conseguem distingui-lo suficientemente. Suas descrições posteriores coincidem. Evaristo Testa ficou convencido de que descreviam o rosto de sua mãe. "Impossível, objetam os amigos, trata-se de uma mulher muito jovem". "Com efeito, responde Evaristo, minha mãe morreu com somente vinte anos". Nem Eusápia nem os outros membros do "Círculo Científico Minerva", de Gênova, o sabiam. No dia seguinte, Evaristo Testa juntou uma fotografia da sua mãe com outras fotografias de moças da mesma época. Fuggioni com facilidade identificou a fotografia da mãe de Testa como a do fantasma que vira. Importante, além do mais, porque a mãe pouco ou nada se parecia a Testa, e entre as fotografias estava a de uma tia que muito se parecia com ele. Frisamos a dificuldade em se fazer o fantasma plenamente visível. Tal dificuldade, como "os esforços inauditos para conseguir articular palavras", frisado expressamente nas atas, demonstram que tais fenômenos físicos são às expensas do médium, forças latentes do próprio médium, não do além. * É sabido, por exemplo, que para levantar parapsicologicamente (telecinesia) objetos um tanto pesados, o "médium" se retorce, faz "esforços inauditos" e emprega mais tempo no intento. * Após ter conseguido uma vez, já não tem 'força psíquica" (termo inventado pelo pioneiro e célebre Dr. William Crookes) para consegui-lo de novo, senão depois de merecido descanso. Numa mesma sessão, a força se manifesta em intervalos, como se o médium fosse uma bateria que precisa recarregar-se. * É tal o esforço despendido pelo médium, quando os fenômenos são um tanto mais notáveis, que no fim de uma sessão Eusápia tinha perdido, em transpiração principalmente, dois quilos de peso. A mesma perda, e até maior, é freqüentemente observada com outros médiuns. * Durante as modernas experiências de escotografia (fotografia do pensamento), realizadas na Universidade de Denver (Colorado. EUA) pelo Dr. Eisenbud com muitos e seletos colaboradores, o esforço nervoso de Ted Serios era tal que tinha como conseqüência hemorragias bucais e anais. * Nas também recentes experiências de telecinesia realizadas na Rússia com Nina Kulagina, o Dr. G. A. Sergeyev -destacado cibernético e neurofísico- constatou: "A maioria das pessoas mantém uma tensão elétrica três ou quatro vezes mais alta nas partes posteriores do cérebro do que nas anteriores. Em contrapartida, no cérebro de N. K. a tensão que se pode medir na parte posterior (durante as experiências) é cinqüenta vezes mais alta do que na anterior". É absurdo atribuir tal dificuldade nos fenômenos parafísicos aos espíritos dos mortos: essa dificuldade é claramente orgânica, humana, do vivo.
PROCEDE DO VIVO Freqüentemente os protagonistas dos fenômenos para-físicos sentem a emanação da telergia (ou ectoplasma): "Não sou eu o promotor dos fenômenos, é meu duplo, a pequena Stasia (prosopopéia, secundus), que com suas mãos carregadas do fluido que meu corpo proporciona, realiza todos esses fenômenos que tanto vos surpreendem". Assim descrevia Stanislas Tomczyck o que sentia durante os fenômenos executados sob o controle do meticuloso pesquisador Dr. Ochorowicz, professor da Universidade de Lemberg. Recentemente produziram-se mais de 60 filmes, mostrando as mais variadas telecinesias de Nina Kulagina. Em uma das filmagens das experiências, rigorosamente controladas por cientistas de grande prestígio na Rússia, os Drs. Edward Naumov, Genady Sergeyev etc., a psíquica Nina gesticula em direção a um recipiente de vidro bem fechado, que contém, em solução salina, um ovo cru. Nina, a mais de um metro de distância, consegue quebrar o ovo, separar a clara da gema, e batê-las separadamente.O Dr. Sergeyev comprovou que quando começava o fenômeno, o campo eletrostático que circundava Nina Kulagina começava a oscilar à razão de quatro ciclos por segundo. Comprovou o mesmo efeito quando Nina mexia o ponteiro de uma bússola, arrastava caixas de fósforo, fazia com que um cilindro de plástico empurrasse cigarros etc. "No momento em que se produzem (os fenômenos), essas vibrações de ondas magnéticas determinam que o objeto sobre o qual Nina se concentra atue como se estivesse magnetizado, mesmo sendo antimagnético. Assim ela consegue atrair, ou repelir o objeto", ou quebrá-lo etc. É a telergia. Nina "sentia que a força que fazia mover os objetos procedia de si mesma, e não de qualquer elemento exterior".
Frei Luís Antônio Frigo, que fez curso de parapsicologia do CLAP, pesquisou e orientou os protagonistas num caso notável:
Ano 1983. Teixeira Soares (PR). Casa do Sr. Arlindo Bovo, 81 anos. Sua esposa, Verônica, 68 anos. Teresinha, a filha, 27 anos, solteira. Havia sete anos que, por períodos quase ininterruptos, uma voz (psicofonia) ameaçava o Sr. Arlindo: "Te mato, te mato... Vai embora. Sai daqui... Vou te fazer uma proposta: se saíres daqui eu te darei uma casa mobiliada, um carro de luxo... Por que viver neste galinheiro? Se não saíres vou te jogar no poço, ou vou pôr uma aranha caranguejeira na tua boca". E para Verônica: "Vais ficar viúva... Vou matar teu velho... Tenho gana dele, vou rasgar toda a roupa dele, não adiantará costurares". Ameaças, insultos... A voz (psicofonia) era rouca geralmente. Às vezes, porém, depois de "vou apresentar minha mulher" trocava de voz (ecolalia), fazendo-se uma voz fina desconhecida dos moradores e de todas as testemunhas. A voz, as ameaças, os insultos e as mais baixas imoralidades (coprolalia) ouviam-se das casas dos vizinhos e na rua, envergonhando o casal de velhos. As ameaças passaram aos fatos. Livros, panelas, alimento, rodas da chapa do fogão, calçados, relógios etc. desapareceram (aporte e telecinesia). Às vezes alguns objetos, uns 15 dias depois, reapareciam irrompendo subitamente através das paredes, da janela fechada, do teto... (aportes). Outros eram encontrados casualmente nos lugares mais inverossímeis. O Sr. Arlindo era o perseguido. Ao seu lado caiu, estando a casa toda fechada, um pedaço relativamente grande de tijolo. Estando fechado no quarto com sua esposa, penetrou em sua direção uma frigideira... Quase foi alcançado por um martelo etc. Foram sendo rasgadas todas as roupas do Sr. Arlindo, tendo de ficar dia e noite sempre com a mesma roupa, durante meses, até ficarem inservíveis; e na pobreza, aumentada ao extremo pela "assombração", tinha de comprar outras. Se tirasse a roupa de noite, corria perigo imediato de ser rasgada. Foram destruídos um a um todos os seus objetos pessoais. Inclusive os óculos, logo que os tirou e os pôs sobre a mesa. Guardara cuidadosamente a dentadura na gaveta da mesinha de noite. Pouco depois apareceu quebrada no corredor. Muitas das peças de louça que o Sr. Arlindo usava quebravam-se sem que ninguém as tocasse. Quase todos os móveis da casa foram estragados. Temos no museu do CLAP muitos objetos e roupas danificados (telecinesia): camisas picotadas, o pé massacrado da mesa de jantar, a sacola completamente destroçada que uma vez levou para compras... Inclusive rasgada em duas partes (sansonismo) a grossa Bíblia que o Sr. Arlindo começara a ler para defender-se da "assombração". Os barulhos (tiptologia) não deixavam ninguém dormir antes das 2 ou 3 da madrugada. Antes do amanhecer os fortes barulhos já acordavam a todos. O assoalho sob a cama do Sr. Arlindo ardeu misteriosamente (pirogênese). Certas noites, aparecia uma mão peluda (ecto-colo-plasmia) em direção ao Sr. Arlindo, "colocando-me em desespero total". Durante muito tempo os vizinhos, a cidade toda comentava, visitava e testemunhava os fenômenos. "Uma senhora assegura com toda certeza que é um espírito e que devemos tratá-lo bem. Os médicos e outras pessoas que estudaram dizem que é problema de minha filha. Mas não é coisa de gente. Eu creio que é o diabo". E o chão da casa ficou cheio de cruzes, velas e água benta que a família e vizinhos foram colocando. Posteriormente, "após uma notícia mentirosa de que os curiosos eram atingidos por marteladas e facadas, ninguém mais se atreveu a vir. Mas é mentira. Só uma vez, uma senhora riu, e uma faca disparou contra ela, mas não a acertou". Frei Frigo muito acertadamente perguntou: Seria preciso que a filha Teresinha fosse afastada do pai? Onde, agora, encontrar uma clínica especializada para um tratamento mais profundo? Porque evidentemente -deduziu Frei Frigo- tudo se originou em Teresinha, que assim projetava seus problemas inconscientes, sem querer reconhecê-los, contra o pai. Posteriormente, quando o pai caiu em desespero e "preferia morrer a continuar nesse inferno", ele mesmo às vezes exteriorizou seu desejo de autodestruição (a não ser de ricochete, a telergia nunca atinge outra pessoa, só a própria pessoa que emite a telergia), e começou a receber bordoadas, pancadas como por mãos invisíveis. E a ser atingido e ferido por xícaras, talheres, inclusive por terra e pedras. Há respostas muito interessantes do interrogatório dirigido por Frei Frigo. Ao menos são detalhes que neste capítulo estou querendo destacar: "Em meio a todos os fenômenos, mesmo quando repentinamente a voz deixava toda a casa às escuras, minha filha Teresinha não tinha medo", "Teresinha nem se importava". "Minha filha sempre estava em casa quando os fenômenos aconteciam. Eu às vezes estava fora de casa". "A voz muitas vezes grita: `Me acode, me acode'. Eu respondo: 'Você faz mal à gente e pede ajuda?' Mas a voz continua pedindo ajuda". Certamente que não são os demônios nem os espíritos que pedem ajuda, é Teresinha! "Teresinha estava em transe, `desmaiada', e por descuido batemos nela com uma cadeira. A voz logo gritou: `Machuquei o pé'". Teresinha, evidentemente. "Quando acontece qualquer fenômeno, Teresinha fica branca e desmaia". "Minha patroa e eu podemos estar na sala ou no quarto, a voz sempre sai do lado onde ela (Teresinha) está. Não só a voz (psicofonia e ecolalia), senão a telergia causante de todos os fenômenos sai de Teresinha... (salvo finalmente também do próprio Sr. Arlindo em desespero, como já frisamos).
VARIAÇÕES NO PESO Era na época em que se estudava, com intenção científica, o chamado mediumnismo. Morselli comprovou que quando Eusápia Palladino produzia algum fenômeno de efeito físico, ia perdendo peso, até quatro quilos. Quando terminava o fenômeno, Eusápia recuperava seu peso. Em Milão, a diminuição de peso e imediata recuperação chegou a dez quilos. Comprovações repetidas, em cinco sessões diferentes, sem possibilidade de que fosse fraude de Eusápia. Em outras experiências, D'Arsonval verificou, segundo a segundo, que à medida que a mesa que Eusápia levantava ia perdendo os diversos apoios no chão, aumentava o peso de Eusápia -que inicialmente havia perdido um pouco de peso-, até ser acrescida com todo o peso da mesa quando esta estava completamente no ar. A "haste" telérgica era invisível, mas sem dúvida surgia de Eusápia e em Eusápia se apoiava. Também comparou-se o peso do médium com o do fantasma. Por exemplo com a Srta. Wood. Os fantasmas pesavam quinze, vinte, mais Quilos. Na proporção da perda de peso da médium. Quando a Srta. Wood se transfigurava, o peso do "espírito" era de oitenta quilos. Peso normal da Srta. Wood, pois isso é a transfiguração, a própria médium disfarçada com seu ectoplasma. A Srta. Fairlamb era pendurada numa rede cujos sustentáculos estavam providos de um aparelho registrador das oscilações do seu peso. À medida que o fantasma ia aparecendo, Fairlamb ia gradualmente perdendo peso, até um total de vinte-e-sete quilos. E à medida em que o fantasma se desvanecia, Fairlamb ia recuperando seu peso. No fim da sessão, faltavam a Fairlamb entre um a dois quilos, que só após algum tempo, alimentando-se e bebendo bastante, recuperava. Compreende-se que com o esforço durante a sessão e com a transpiração, perdesse até dois quilos. É normal. Estas experiências -que exigem muitos cuidados para excluir os simples efeitos telecinéticos sobre as balanças-, quando bem-realizadas, mostram claramente que toda a telergia ou ectoplasma dos fenômenos de efeitos físicos procede exclusivamente do ser humano, do vivo, nada restando para colaboração, nem mesmo mínima, do perispírito dos mortos. É, aliás, inaudito atribuir peso aos habitantes do além túmulo... Esta frase do especialista Piccioli sirva de conclusão com referência aos fantasmas e seus fenômenos concomitantes, e em geral em relação a todos os fenômenos parafísicos.
(Extraído do livro "Assombração...Por quem? "Os Espíritos e os Fenômenos Parafísicos"). Pe. Oscar G. Quevedo S.J. |