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Belmez de
Moraleda é uma cidadezinha situada a 40 km de Jaen na Espanha. Nessa
cidade a 23 de agosto de 1971 começaram a acontecer fatos "misteriosos"
na casa de Juan e Maria Pereira localizada à rua Rodrigues da Costa , n°
5.
Na cozinha, por cima da prateleira do fogão, na parede do lado esquerdo,
apareceu uma estranha mancha sem nada que a justificasse. Um tempo
depois percebia-se o contorno de um rosto humano desenhado no cimento.
A família, tentando por fim ao dramático acontecimento removeu este
primeiro rosto a picaretadas. Tudo em vão, pois, passados alguns dias
outro desenho apareceu. Os donos da casa mandaram retirar o cimento da
parede e o colocaram num nicho protegido com vidro, à direita do fogão.
A abertura foi fechada com cimento e nos dias seguintes novas caras começaram
a desenhar-se aparecendo não um , mas vários rostos. A 28 de janeiro
de 1972, existiam 8 rostos no local.
Dado o rumo que iam tomando os acontecimentos, cavou-se um poço de 2,80
mts de profundidade, em presença do chefe de serviço da câmara, Sr.
Rodrigues Rivas, e apareceram alguns fragmentos de ossos humanos na
escavação.
Não faltaram hipóteses para o esclarecimento das aparições dos
rostos na parede de cimento. Desde um milagre, relação com um
crucifixo queimado durante a guerra, etc...Mas, com o passar do tempo,
estas interpretações foram abandonadas pela versão que
responsabilizava espíritos de mortos pelas aparições .Esta hipótese
surgiu por estar a casa construída em cima de um antigo cemitério (e
todas as casas vizinhas também...mas ninguém se lembra disso). A idéia
foi do agrado de certas camadas da população pela tradição que lá
existe: "Em Belmez, há um profundo culto aos mortos".
A repercussão foi muito grande e logo todos comentavam o fato...E também
logo apareceram gravações e fitas gravadas por outras pessoas da
cidade, de vozes de mulheres e crianças que se diziam ser dos espíritos...Mais
propaganda e mais repercussão...Até alguns "sábios"
estrangeiros foram estudar o tema na cidade e também favoreceram a hipótese
dos espíritos serem responsáveis.
Outros inúmeros acontecimentos nos mostram todo um conjunto que nos faz
lembrar a famosa frase de Petrônio: "Mundus vult decipi; ergo
decipiatur" ("O mundo quer ser enganado, pois que seja
enganado")
A parapsicologia científica, de tantos e brilhantes renomados
cientistas tais como Tyrrel, Rhine, Quevedo, Roll, Thouless, etc.. assim
como centros de pesquisa tais como o CLAP em São Paulo, a Duke
University (USA), Universidade Real de Utrecht (Holanda), Cambridge,
etc.) ...foi colocando argumentos e provas não só demonstrando que os
fenômenos parapsicológicos são deste mundo, dos vivos, mas também
que é totalmente impossível a intervenção dos mortos ou entidades
espirituais neste mundo.
Verdadeira história- Tudo começou após uma matança de porcos. Ninguém
duvida que em qualquer cozinha do mundo, devido aos diferentes
ingredientes (vinagre, banha, etc ) e a ação contínua do fogo, o fogão
de cimento poroso se deteriorasse.
Apareceram manchas sugestivas....como podem aparecer nas nuvens , na
madeira, etc., dando ocasião a que as crianças se entregassem aos
brinquedos de imaginação... Brincando, algumas pessoas começaram a
dizer:
-"Olha, parece um rosto!" Nos dias seguintes, após as sugestões,
apareceu a "figura sugerida" retocada com cal.
Outros casos concretos segundo testemunhas:
-"Olha, este contorno do rosto deve passar por aqui." E no dia
seguinte, apareceu retocado com fuligem.
Numa Vila vizinha por esses dias, realizou-se uma "Feira Agrícola".
Os jornalistas que compareceram à feira ouviram falar dos "Rostos
de Belmez" e começou o "Boom."
Os primeiros informes locais do tema foram dados pelos jornais de Jaen e
Granada. Começaram a vir os curiosos de toda a região...
-" Olha , parece que tem dentes". E no dia seguinte aparecem
os dentes raspados com um garfo, ou prego, ou qualquer outro objeto apto.
Um filho da família Pereira opôs-se ao rumo que estavam tomando as
coisas e discordou plenamente ameaçando revelar toda a verdade que já
passava de brincadeira inocente...Mas ninguém a essa altura, era capaz
de silenciar os acontecimentos e optou, finalmente, por concordar
mantendo silêncio.
Um fotógrafo de Huelma, a cidade vizinha, tirou umas fotografias dos
rostos e fez 400 cópias dando-as de presente aos donos da casa para que
as vendessem aos visitantes. O fotógrafo impôs uma condição: quando
acabassem as fotografias presenteadas, nas demais, ele ficaria com 50%
do preço.
Assim, não cobravam ingresso à casa, mas às fotografias. No começo
custavam 5 pesetas por foto, depois 10e, finalmente 15 pesetas.
Logicamente, se os visitantes não queriam encontrar dificuldades na
entrada e na observação dos rostos, deveriam comprar umas tantas fotos.
Então tudo era sorriso e passagem franca...
O negócio foi aumentando... Antonio Casado, enviado especial do jornal
"Pueblo" de 21-02-72, cita que em um fim de semana havia
aproximadamente 10.000 pessoas com intenção de entrar na casa.
Anunciou-se para os dias 12 e 13 de outubro de 1974, o II Congresso
Nacional de Parapsicogia, em Barcelona. Foi então que o Sr. Gérman de
Argumosa decidiu levar "Rostos de Belmez" como assunto para o
Congresso. Assistentes sérios do Congresso não duvidaram em declarar a
"operação Belmez" como manifesta auto-promoção pessoal do
S. Argumosa.
Posteriormente, o jornal que lançou o Boom, retratou-se. Mas o tema caíra
nas mãos do Sr. Argumosa. Incansável, rico, organizado, boa conversa.
Nomes e provas - O Sr. Ramos Pereira, Presidente da Sociedade Espanhola
de Parapsicologia, descobriu que os negativos das fotografias dos "rostos
de Belmez" apresentados pelo Sr. Argumosa estavam retocados
Portanto não só retoques nos rostos da cozinha, mas também nos
negativos das fotografias.
Verificações do parapsicólogo Francisco G. Fontanet: descobriram-se
rostos que tinham sido retocados simplesmente com fuligem utilizando um
dissolvente caseiro. Em outros rostos existem evidências de terem sido
desenhados com água forte e silicato sódico, produzindo efeito no
cimento.
O Dr. José Luiz Jordán Peña, psicólogo e parapsicólogo visitou os
rostos de belmez e analisou pedaços de cimento: "Tudo não passa
de uma fraude grosseira", se achou por bem advertir que "Dona
Maria, proprietária da casa, descobriu as feições enquanto lavava a
crosta da fuligem que impregnava a cozinha" e descobriu-se que uma
das figuras estava feita com fuligem do mesmo fogão, utilizando um
dissolvente caseiro (vinagre).
Confirmação da fraude
- Sobre este detalhe da fuligem, temos um dado interessante, fornecido
pelo jornal "Pueblo" (22,02,72): "O marido de uma das
professoras da localidade foi ver um dos rostos que tinham movimentado a
cidadezinha em meados de setembro". O rosto estava embutido na
parede e tampado com um vidro, detalhe que também se deve levar em
conta, principalmente quando as pessoas da casa não querem nem ouvir
falar de que o vidro fosse retirado. "Este senhor passou o dedo
pelos traços que formam o bigode, ou o que seja, desse rosto. Seu dedo
manchou-se de fuligem e giz.
O jornal "Pueblo" que havia lançado o "Boon"
publicitário, decidiu pesquisar seriamente.
Analise efetuada:
Detectação radioativa (na "Assembléia de Energia Nuclear"
foi submetido à analise químico-istópico, que consiste em bombardear
com neutrons as amostras)
Análise de elementos que formam os traços.
Exame de microscópio
Estudo com raio X
Análise químico-qualitativa
Análise orgânica
Provas acústicas
Impressão de placas radiográficas e fotográficas
Investigação no arquivo municipal e paroquial
Estudo psicológico dos protagonistas
Fotografias com raios infravermelhos e ultraviletas.
E a conclusão de "Pueblo Pesquisa": o fenômeno é truque.
E chama a atenção para as suspeitas cotoveladas que os familiares da
casa se davam.
Fizeram-se várias análises químicas de amostras tiradas dos rostos
aparecidos no fogão. Entre algumas destas análises podemos citar a
realizada pelo químico Dr. Angel Viñas que conclui que nos desenhos
intervém o nitrato de prata e o cloro, submetido à luz ultravioleta.
O nitrato de prata reage com os fótons, aparecendo os desenhos e suas
modificações, meses ou inclusive anos depois de serem tratados assim.
Levemos em consideração o fato de que por um mês se fechou a cozinha
e se cobriram os rostos com plástico, aparecendo, posteriormente novas
figuras. A aparição dos rostos assim tratados só depende da
quantidade da mistura efetuada. È mera questão de tempo, luz, e
quantidade de sais de prata empregados em cada rosto ou em cada detalhe
dele. Nada atrapalha lacrar a porta e pôr plástico sobre os desenhos.
Um grupo de pesquisadores de "Eridame" (pesquisas cosmológicas),
entre os quais se encontravam especialistas da Agroman (firmas bem
conhecidas em toda a Espanha) teve oportunidade de pesquisar no mesmo
lugar dos acontecimentos e realizou também análises químicas. Sua
conclusão: tudo não passa de uma mistificação grosseira.
O colégio Malaguenho "Cerrado de Calcedón" organizou a
demonstração perante 400 pessoas, entre as quais, se encontrava a
prefeita de belmez e um grupo de vizinhos da cidadezinha; compareceuo
Dr. Vicente España Garcia, membro do Centro de Pesquisa de Ciências
Especiais", acompanhado do Dr. Rafael Liébana. Apresentaram ante o
"tribunal", dois retângulos de cimento, pedindo que fossem
examinados por várias pessoas, cujos nomes foram anotados; verificaram
que sobre os referidos retângulos não havia pintura nem desenho algum.
Após uma hora e meia, aproximadamente, foram examinados de novo, e com
surpresa geral, viu-se que neles havia uns rostos similares aos que se
veêm em Belmez, apesar das peças terem permanecido à vista do público,
sobre uma mesa e sem que ninguém as tocasse. Explicou-se então, que
com antecedência, tinham desenhado tais rostos com a solução de uma
grama de nitrato de prata e nove gramas de amoníaco.
O amoníaco logo se volatiza inteiramente, sem deixar vestígios. A solução
penetra nas porosidades do cimento e desaparece qualquer desenho. Mas
aparece depois, sem que possa ser limpada por processo algum. Estes
senhores repetiram a experiência no cimento da Avenida Dr. Maranhão.
Também lá verificou-se o processo de invisibilidade dos desenhos que
apareceram depois.
O Pe. Quevedo, quando foi perguntado a respeito dos "Rostos de
Belmez", na TV espanhola, disse taxativamente: "Os Rostos de
Belmez tal como são apresentados, são impossíveis em parapsicologia.
Portanto, exagero e truque". Sabia o que dizia: as duas coisas
clara e repetidamente demonstradas: exageros e truques.
E as psicofonias- "A rua onde está a casa dos rostos, reúne condições
acústicas especiais. Falando normalmente na calçada, percebem-se os
ecos produzidos pela própria conversa. Da mesma forma, a cozinha onde
se encontram os rostos, apresenta idênticas propriedades acústicas. A
diversidade de objetos de vidro e porcelana que se encontram na habitação,
contribuem para deformar os ecos das vozes emitidas normalmente."
O vigário de Belmez, Pe. Antonio, após nossas notícias sobre as vozes
gravadas por Argumosa, realizou umas pesquisas por sua própria conta.
Seu aparelho é da mesma marca que o do citado senhor; registrou murmúrios
e vozes deformadas que não eram outra coisa senão os barulhos das
pessoas que habitam nas casas vizinhas.
Os membros da sociedade espanhola de parapsicologia reuniram-se no começo
do ano de 1975, com a participação do Padre Quevedo, (com a ausência
do Sr. Argumosa, expulso da sociedade) para dar um juízo crítico sobre
estas vozes. Por unanimidade, chegou-se à conclusão de que a
paranormalidade das vozes e barulhos não passava de fruto da imaginação
do Sr. Argumosa e que essas gravações não podiam sequer ser
consideradas psicofonias.
É totalmente falso que o fenômeno da psicofonia (mesmo admitindo que
fosse certo) implique na autenticidade dos rostos. Um fenômeno não
implica em outro, em nenhuma circunstância. Em Parapsicologia não
existe lei que afirme tal relação.
Neste artigo, nossa intenção não é negar a pneumografia, mas chamar
a atenção justamente para os fenômenos autênticos e alertar contra
fenômenos falsos como os "Rostos de Belmez", capazes de
empanar a visão objetiva desta nova ciência, que por sua relação com
os fenômenos denominados ocultos, necessita mais que qualquer outra, de
rigorosa metodologia contra possíveis fraudes.
Antonio Elegido - Revista de Parapsicologia nº21
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