PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

        São muitas as provas da existência de Deus:

    * Algumas, de tão evidentes, é típico que hajam sido menos expostas tradicionalmente. Aludirei a algumas como a "Tendência Inata a Deus", "O Consenso Universal", "A Aspiração Humana, Naturalmente Insaciável", etc. e deve citar-se também "A Falta Total de Provas dos Ateus".

    * Outras, as chamadas "Cinco Vias", tem sido muitas e muitas vezes expostas ao longo dos séculos. Precisamente por serem mais famosas, as exporei depois com um pouco mais de detalhe.

   * E, por fim, outras são provas, muito válidas, como todas, mas que exigem capacitação especial em filosofia, o que freqüentemente falta no público em geral e inclusive nos cientistas, grandes especialistas na sua matéria, e totalmente ignorantes em outras, especialmente em filosofia. Entre estas provas devo citar a "Prova Ontológica".

   Começarei pela "Prova Ontológica", para formados e habituados à filosofia, para os que poucas palavras bastam ( = "intelligentibus, pauca"). Depois passarei às outras provas, assim a exposição será cada vez mais compreensível e mais interessante.

A Fé em Deus é inata no homem
 
A PROVA ONTOLÓGICA

        Santo Anselmo (Anselmo d´Aosta, 1033-1109), considerado o melhor filósofo e mesmo a maior sábio do século XI, aborda as provas da existência de Deus em dois volumosos  livros, "Monologium"  e "Proslogium". No primeiro deles trata das chamadas 2ª e 4ª Vias. Mas o característico de Santo Anselmo é a chamada "Prova Ontológica", que expõe no "Proslogium". Ele mesmo resume assim a longa exposição (repito: só bons  filósofos compreendem o profundo valor): 

   A idéia que todos -inclusive o ateu- temos de Deus é: isso do que maior não pode ser pensado (= "id quo maius cogitari nequit"). Esse máximo não pode existir apenas no intelecto, pois então esse pensamento já seria algo maior que o máximo. Certamente contraditório. É impossível. Portanto, não há dúvida: id quo maius cogitari nequit tem que existir na realidade. É chamado Deus.       

    O argumento chama-se ontológico, porque trata da essência dos seres. O próprio Santo Anselmo resume o mesmo argumento expressamente do ponto de vista das essências. Resumo: uma essência cuja não-existência seja possível, é menos perfeita do que uma essência cuja não-existência seja impossível. Quem pensa na essência de um ser que poderia não existir, não estaria referindo-se a id quo maius cogitari nequit: uma essência cuja não existência é impossível: Deus. 

    Uma coisa fica sempre evidente nos contraditores do argumento ontológico: não o entenderam, não souberam acompanhar a pura lógica, o puro raciocínio especulativo. Os verdadeiros filósofos ficaram até entusiasmados com a exposição de Anselmo d`Aosta. Aplicaram-na às vezes a outros termos, mas é exatamente a mesma argumentação: Assim São Boaventura (1221-1274, João Fidança quando leigo), professor de filosofia e teologia em Paris, superior-geral dos franciscanos, bispo e cardeal, proclamado "Doutor da Igreja" e cognominado  "Doutor Seráfico", aplica a prova ontológica ao conceito de Essência. Duns Scoto (John, 1266-1308), o "Doctor Subtilis", aplica-a ao conceito de Infinito. Descartes (René, 1596-1650), ao conceito de Perfeito. Leibniz (Gottfried Wilhelm, 1646-1716) ao conceito de Possível. o fundador dos rosminianos ("Instituto da Caridade"), o filósofo italiano Cônego  Rosmini (Serbati, Antônio, 1797-1855), ao conceito de Ser. Etc., etc. Com outras palavras todos eles empregam a mesma argumentação irretorquível de Santo Anselmo

 

A PROVA COSMOLÓGICA

         A expressão "Prova Cosmológica" foi cunhada por Kant. Ele próprio assim a resume no seu "Crítica da Razão Pura": "A prova é a seguinte: se algo existe, deve existir um Ser Necessário absolutamente. A demonstração parte, por tanto, da experiência, e por isso não é completamente ontológica ou conceptual. E como todo objeto de toda experiência possível é o cosmos, esta prova é chamada cosmológica precisamente por isso" .

     O argumento há sido exposto inumeráveis vezes ao longo dos séculos. Para que o argumento fique acessível aos não-filósofos, citarei o esforço em adaptá-lo à compreensão dos não especialistas em Filosofia na famosa polêmica do excelente filósofo padre F. Copleston que, neste tema, arrasou com a posição ateísta do conhecido sociólogo Bertrand Russell (1872-1970):

   Dizia o Pe. Copleston: "Para ser mais claro, exporei distintamente as premissas do argumento. Antes de mais nada, todos sabemos que ao menos alguns seres deste mundo não têm em si mesmos a razão da sua existência (em filosofia são chamados  contingentes). Por exemplo: nós dependemos dos nossos pais, do ar, dos alimentos etc. Por outra parte o mundo é simplesmente um conjunto, seja real ou imaginário, de objetos individuais que não têm exclusivamente em si mesmos a razão da sua existência. Não existe um mundo diferente dos objetos que o formam, como também a raça humana não existe separada dos indivíduos que a constituem. Portanto, dado que existem objetos e acontecimentos, e dado que nenhum objeto da experiência contem em si mesmo a razão da sua existência, a totalidade dos objetos tem que ter uma razão externa a essa totalidade". Tem que haver uma razão para um ser que existe".

    "Ora, esse ser ou tem ou não tem a razão da própria existência. Se a tem, está demonstrado o que procuramos. Se não a tem, devemos continuar procurando. Mas mesmo prosseguindo ad infinitum, entre os seres não necessários, jamais encontraremos a explicação última da existência. Assim, para poder explicar a existência temos que chegar a um Ser que tenha em Si mesmo a razão da própria existência, isto é, a um Ser que existe necessariamente". Todos os seres contingentes dependem desse Ser Necessário, que é chamado Deus.        

    O argumento cosmológico foi aplicado ao longo dos séculos a muitos acontecimentos naturais. "Trocam-se os instrumentos mas é a mesma melodia". Citarei a seguir, entre tantíssimos, alguns exemplos mais destacados. Platão e Aristóteles no século IV a.C., partiram do fluir, como também  Bergson e Bontadini no século XX. Santo Agostinho no século IV partiu da contingência, como também Avicenna e Santo Anselmo no século XI, Maimônides no século XII, Leibniz no século XVII... Da causa também partiu Aristóteles, como no século XIII Santo Tomás de Aquino e Duns Scoto, e Garrigou-Lagrange no século XX. Plotino no século III partiu dos graus de perfeição, como também Santo Agostinho e Santo Anselmo, e no século VI Boécio... Em fim, outros muitos grandes pensadores partiram dessas mesmas premissas ou da unidade, ordem, finalismo e inclusive da evolução evidentemente programada (teleologia ou enteléquia), etc. , etc.

   

AS CINCO VIAS

       É parte da mesma "prova cosmológica", concretizada em cinco pontos de partida mais claros. As chamadas "Cinco Vias de Santo Tomás de Aquino", não são propriamente tomistas. Algumas remontam inclusive a Platão e a Aristóteles. É que foram magistralmente expostas por Santo Tomás, dando origem a numerosíssimos comentários e seguidores entre os grandes filósofos, que ficaram plenamente convencidos. As Cinco Vias são claríssimas, plenamente convincentes, apodícticas... para quem sabe filosofar, raciocinar. Santo Tomás apresenta também outras provas da existência de Deus pelo menos numa dezena de escritos com variadas classificações. A prova mais típica da filosofia tomista é aquela aludida "prova ontológica". Mas para o público em geral é mais compreensível a "Prova Cosmológica" e dentro dela as Cinco Vias.

   As Cinco Vias têm uma estrutura uniforme e singela. Como vimos antes a respeito da polêmica do Pe. Copleston e Russell, constam de quatro momentos:

   1) Algum fenômeno contingente (movimento, causa, possibilidade, graus de perfeição, enteléquia).

   2) Destaca-se o caráter dependente desse fenômeno contingente.

   3) Não se resolve o problema com uma série infinita de seres contingentes.

   4) É necessário chegar a Deus: Motor Imóvel, Causa Incausada, Ser Necessário,  Máxima Perfeição, Organizador Sapientíssimo.    

   

PRIMEIRA VIA: O MOTOR IMÓVEL

          É muito criticada, sendo que na realidade é a mais evidente das cinco vias. Mas supõe grande capacidade filosófica. As críticas mostram bem abertamente a má intenção, preconceitos e incapacidade de filosofar desses críticos, para nem sempre  suspeitar da sua inteligência...

    Alguns críticos pretendiam ofuscar os expositores da Primeira Via aludindo à física moderna.

   - Na realidade tomistas célebres como Luyten, Wallace, Meurers, etc., igualmente ao par dos avanços da física moderna, provam inapelavelmente que continua inabalável a necessidade lógica do Primeiro Motor. Porque também para a física moderna o cosmos é absolutamente contingente, absolutamente móvel, absolutamente em contínuo fluir... Contingência que nenhum físico pode desconhecer e menos ainda negar. A física moderna em nada afeta à lógica da Primeira Via.

    Tanto que Blondi, Hoyle, etc., grandes físicos (mas não grandes filósofos) chegam a proclamar a hipótese duma criação contínua por Deus...

    - Não é a isso que chega a trajetória da racionalidade, senão à exigência do primeiro principio do movimento, o Primeiro Motor Imóvel, Deus.

 

SEGUNDA VIA: CAUSA INCAUSADA

          Esqueleto do raciocínio com palavras do próprio Santo Tomás: "Em todas as causas eficientes subordinadas, uma é causa da intermediária, e a intermediária é causa da última, não importando se são várias ou uma só a intermediária. Ora, eliminada a causa, remove-se também o efeito. Portanto, na sucessão das causas eficientes se não houvesse uma Primeira Causa, não haveria também não a intermediária nem a última. Por outro lado, proceder ad infinitum  nas causas eficientes equivale a eliminar a primeira causa eficiente; e assim não teríamos nem as causas intermediárias nem o efeito último. Isto é evidentemente falso (...). Portanto é necessária uma Causa Eficiente Primeira: a Ela todos chamam Deus".

    É importante frisar que a física moderna (e Hume, e Kant...) entende por causa um nexo constante e seqüência irreversível entre dois fenômenos. Enquanto que desde Aristóteles para toda a filosofia clássica causalidade designa essencialmente comunicação real da causa ao efeito. Portanto falam de aspectos diferentes. A causalidade física opera no plano dos fenômenos. A causalidade filosófica opera no plano dos conceitos. A causalidade filosófica não exclui a física, nem a causalidade física exclui a filosófica.

   Por tanto, a Segunda Via não pode ser aprovada nem rejeitada pela física. E no campo do raciocínio, em filosofia, é absolutamente irrefutável.

   * Proclamava o chanceler e filósofo Francis Bacon (1561-1626),  após seu homônimo Rogers Bacon, grande propugnador da metodologia científica: "Pouca filosofia pode inclinar ao ateísmo, mas maior aprofundamento conduz à Religião. Isto é, quem analisa destacadamente as causas segundas pode às vezes não passar delas, deixando de pensar mais além. Mas se refletir sobre o encadeamento das causas intermediárias, remonta à Providência de Deus".

   * Foi por esta claríssima Segunda Via que o grande escritor, filósofo e orador Cícero (Marcus Tullius, 106-43 a.C.) pronunciou sua preciosa oração ao ser assassinado: "Causa causarum, miserere mei" (= "Causa das causas, tem misericórdia de mim").


TERCEIRA VIA: O SER NECESSÁRIO

        Podemos prescindir aqui da discussão de se há essências necessárias. Certamente um fato é evidente: há muitas e muitas realidades não necessárias. Segundo muitos físicos modernos, materialistas, no seu apriorístico prescindir plenamente da filosofia e teologia, todas as realidades seriam contingentes.

Resumo da Terceira Via, segundo Santo Tomás. O ponto de partida desta via é: "O que não existe, não começa a existir senão mediante algo que existe". E não se resolve o problema com um processo ad infinitum. "É necessário admitir a existência de um Ser que tenha em Si mesmo a necessidade de existir sem recebê-la de outros", sendo, ao contrário "a causa da existência de todos os outros. E a este Ser todos dão o nome de Deus".

Deus onipotente (não unipotente!), poderia deixar de ser Deus, ou deixar de existir?

   - É claro que não. Ele é Necessário, Absoluto... Se deixasse de ser Deus ou de existir seria contingente, dependente... Essas duas proposições são contraditórias entre si, e "o princípio de contradição também vale para Deus". Basta um mínimo de filosofia, um mínimo de lógica para compreender isso...


QUARTA VIA: A SUMA PERFEIÇÃO

            Esta via não é plenamente ontológica, porque é a partir da realidade donde levanta vôo. Mas para podê-la explicar mais claramente, nada podemos tirar das ciências da natureza porque nenhuma delas trata das perfeições abstratas, dos conceitos transcendentes como tais. E a Quarta Via voa no plano abstrato, das relações lógicas:     

   Os conceitos de maior ou menor grau, necessariamente exigem uma referência ao máximo. Portanto, no plano ideal, o Máximo ou a Suma Perfeição é a causa do grau maior ou menor de perfeição, de poder, de beleza, de bondade, de inteligência, de sabedoria, de ser, etc., etc.              

    Sendo Deus o máximo em poder, a Onipotência Infinita, "poderia criar uma pedra tão grande que nem Ele pudesse destruir?".

   - Claro que não. Por mais dura e mais enorme... que seja uma pedra não por isso deixa de ser pedra. Ela não é O Ser Necessário, é criatura. Portanto a pedra maior que consigamos imaginar é contingente, quebrável, ampliável ou diminuível... Não é Deus; é infinitamente menor que Deus, infinitamente menor em todas as perfeições, que a Suma Perfeição: Deus. E Deus tem poder para criá-la, destruí-la, criá-la de novo... Mas é claro que Deus não brinca, não faz nada sem motivo racional...
 

 

O CRIADOR E ORGANIZADOR

            É, com outro título, a Quinta Via. Merece e vai levar-nos mais tempo e espaço.

    A Quinta Via foi sempre, antes e depois de Santo Tomas, a mais percorrida para provar a  existência de Deus: Criador e Organizador de todo o cosmos. A lista de sumidades que percorreram, que explicaram... esta Quinta Via é imensa. Tão extensa como o número de grandes filósofos: Platão, Aristóteles, Zenão, Filão, São Clemente de Alexandria, Orígenes, Plotino, Santo Agostinho, Santo Anselmo, São Boaventura, Santo Tomás, Descartes, Malebranche, Vico, Leibniz, Wolff, Rosmini, etc.

   No seu "Crítica da Razão Pura" testemunhava Kant a respeito da Quinta Via: "Ela merece sempre ser mencionada com respeito. É a mais antiga, a mais clara, a mais adaptada à razão humana comum. Ela anima o estudo da natureza, e deste recebe, por sua vez, a própria existência e sempre nova força".   

 

FORMULAÇÃO DA QUINTA VIA

          Como fizemos nas outras quatro vias, também agora nos servimos das palavras de Santo Tomás para resumir a Quinta Via. A teleologia ou enteléquia: "Vemos que certas coisas, desprovidas de inteligência, como são os corpos físicos, agem em função de um fim". Esta teleologia num ser irracional está exigindo uma inteligência que assim o programou: "O que é desprovido de inteligência só tende ao fim porque é dirigido por um ser racional ou inteligente, como a flecha pelo arqueiro (...). Portanto, existe o Ser Inteligente que ordena todas as coisas naturais para um fim. Esse Ser é chamado Deus".           

    O tema desta Quinta Via é o que mais molesta aos  ateus, não porque a conheçam, pois é  total ou quase total neles o desconhecimento do que seja realmente esta Quinta Via. Senão porque se percebe com toda evidencia que, mesmo nos cientistas mais preconceituosos e fanaticamente ateus, surge espontaneamente e topam continuamente com a pergunta elementar: "Donde procede toda esta ordem", "Quem planejou tudo isto". "Quem criou tudo isto". É esse precisamente o tema da Quinta Via.

   Os ateus, com seu pleno preconceito e fanatismo doentios saem inventando a resposta: O acaso!! A evolução!!  

    - Não precisamos agora repetir a refutação, feita no artigo "O acaso e a Evolução das Espécies" contra o pretendido acaso e contra a evolução absoluta e radical. Não tem nenhuma prova. Tem muitas provas contra. É absurdo. É contraditório.

    * "É  preciso concluir que existem planos de criação (...) É imperdoável (...) falar ainda de evolução (absoluta e radical). Tal evolução eqüivale ao capricho de uma natureza desordenada. Isso é evidentemente absurdo, tomando o lugar dum Gênio Construtor segundo um plano consciente e ordenado" (Jorge Curier e Herbert Wend). 

   Portanto, conclui a Quinta Via, é necessário admitir a sabedoria e poder de Deus como explicação da ordem, da teleologia, da admirável sabedoria na origem e no desenvolvimento observados no cosmos. A ordem remete sempre a um ordenador. Na ordem cósmica e ordem histórica, na ordem universal chegamos logicamente a um Organizador sumamente inteligente, sumamente ativo, sumamente cuidadoso... Deus.        

   * Entre tantos e tantos ex-ateus que estudaram expressamente a questão, é o testemunho do ex-ateu Scheleich: "Tornei-me religioso por meio de um microscópio e da contemplação da natureza".  

   * Ou devo destacar o grande Einstein?: "Esta convicção de uma Razão Superior que se manifesta no mundo da experiência é minha concepção de Deus".

 

O ATEÍSMO

             Voltaire (famoso pseudônimo do satírico e revoltado ateu e anti-cristão François Marie Arquet, 1694-1778) ridicularizava a crença em Deus com aquela célebre frase: "Deus criou o homem? Este pagou-lhe com a mesma moeda". Mas essa "criação" humana teria durado pouco:

    Há um século, um dos grandes pontífices do ateísmo, Friedrich Wilheim Nietzsche (1844-1900), primeiro rompeu sua amizade com o grande compositor e dramaturgo Richard Wagner (1813-1883) simplesmente porque este se converteu ao cristianismo, depois dedicou-se a exaltar a ânsia de poder, o super-homem, e antes de ficar completamente louco e ser internado num manicômio onde terminou miseravelmente seus dias, todo eufórico proclamava: "Deus morreu, Deus morreu! E fomos nós que o matamos".

   Não interessa aqui determo-nos na classificação das pretendidas fontes do ateísmo. O ateísmo antropológico de Nietzsche, Sartre... afirma que a negação de Deus a deduz da essência humana. O  racionalismo de Comte, Freud, Russell... pretende que é da ciência que deduz o ateísmo. O ateísmo sócio-político de Marx, Lenin, Stalin... pretende que negar Deus é em defesa da sociedade e da nação. Etc.

   Assim, Sigmund Freud (1856-1939), vítima dos seus preconceitos, no seu "O Futuro de uma Ilusão" dizia a respeito das idéias inatas da existência de Deus e da religião, do que logo falaremos: "A natureza se levanta diante de nós, sublime, cruel, inexorável". A religião não é outra coisa que "uma neurose obsessiva da humanidade". É verdade que "o verdadeiramente crente está defendido em alto grau contra o perigo de certas  aflições neuróticas; mas aceitando a neurose universal (a crença em Deus e a religião), ele está se preparando para forçosamente formar uma neurose pessoal".

    Segundo Freud a religião surgiria, do medo e impotência perante as forças do mundo e por isso o psiquismo procura dominá-las mediante a ilusão da idéia de Pai. E os positivistas, iludidos por Auguste Comte (1798-1857) e Émile Littré (1801-1881) difundiam por todas partes que a Religião e Fé em Deus provêm do medo nos homens primitivos.

     - Completamente falso: Se assim fosse, quando essas pessoas conhecessem a verdadeira causa desses fenômenos que lhes inspiravam terror, perderiam imediatamente a fé em Deus e a Religião. E não aconteceu tal.

    * E por outra parte, geralmente não houve nos primitivos tal suposto terror. Assim, por exemplo: "Habito há dez anos na África, convivendo com esta gente no estado natural. Conheço muitas tribos. Com grande surpresa de minha parte, confesso que nunca encontrei um só africano que tivesse medo de tempestades e raios e trovões..." ( Le Roy).

    * Na realidade a uma só se reduzem todas as  fontes de ateísmo: puro preconceito. Tudo são meras afirmações sem argumentos. Está demonstrado em ampla pesquisa histórica, "a respeito da existência de Deus, quem crê tem provas, mesmo que a dúvida possa perturbá-lo de vez em quando. A respeito da não-existência de Deus, o ateu pode cultivar dúvidas, mas não tem provas" (Battista Mondin). 

    * Já com respeito aos pioneiros propagadores do ateísmo garantia o filósofo e chanceler da Inglaterra Francis Bacon, um dos grandes propugnadores do método experimental: "O ateísmo está  mais nos lábios que no coração" ou que na razão.  

   * E o seu homônimo, o franciscano Roger Bacon (1214- 1294), o autêntico propugnador  do método experimental, considerado o pai da ciência, o filósofo cognominado "Doutor Admirável", já muito antes havia desmascarado o disfarce, talvez inconsciente, no proceder dos cientistas materialistas: "O ateu procura convencer os outros para persuadir a si mesmo".

* Ficam ainda muitos cientistas que se gabam de ser ateus. A explicação é simples. Como ironizava o já citado pensador espanhol Ortega y Gasset: Outrora os homens podiam dividir-se em sábios e ignorantes. Hoje há muitos especialistas sem nenhuma cultura geral, chegaram a saber tudo de muito pouco e são plenamente ignorantes de tudo o mais. Freqüentemente vítimas fáceis dos preconceitos da campanha materialista e ateia.  

   Assim se compreende que existam ateus em universidades! Como contraposição, neste diálogo sobre "Deus e a Ciência" sirvo-me das grandes inteligências, especialistas de grande cultura geral, sem miopias, não bitolados... 

 
O ATEÍSMO EM RUÍNAS

         As ideologias construídas sobre a negação de Deus (materialismo, racionalismo, neopositivismo, psicanálise freudiana, evolucionismo absoluto, marxismo, comunismo, etc.) estão se esfacelando. Concretizemos um pouco:

    * Contradição de Freud!: Se a tendência a Deus e a conseqüente religião fosse uma neurose universal, de todos os seres humanos, quem então são os normais?! 

   * Carl Gustav Jung, que fora adepto e colaborador de Freud, além do que já vimos no primeiro artigo deste mesmo diálogo, teve que se afastar de Freud e refutá-lo. Jung propugnava que sem religião a humanidade perderia algo essencial. A humanidade,  social e individualmente, tornar-se-ia cheia de ansiedade. Não é invenção; a Religião, está incutida na natureza, valor inato. A humanidade, afastando-se da tradição espiritual e religiosa, pagaria a alto preço essa sua infidelidade. Jung dizia que, se dele dependesse, convenceria da existência de Deus a todos os seres humanos. E como resumo de toda essa sua visão e ideal de psicólogo, Jung escreveu na sua casa: "Vocatus atque não vocatus Deus aderit" ( = Chamado ou não chamado, Deus sempre estará presente).

    * O próprio Freud que antes tão insistentemente se declarava materialista e ateu e que sobre o ateísmo e materialismo fundamentava a psicanálise, na idade madura confessava ao seu amigo Ferenczi que estava perplexo do que havia escrito  (em "O futuro de uma ilusão", prognosticando a morte da ilusão que seria a crença em Deus). E abertamente declarou sua insatisfação: "Ora, isso já me parece pueril. Fundamentalmente penso de outro modo" (Novembro de 1927). E antes (em junho de 1913) confidenciava em carta também a seu amigo Firenczi, a respeito do que havia considerado o seu trabalho mais importante e mais válido ( "Totem e Tabu", exaltação do ateísmo): "Voltei atrás na opinião que tinha a respeito do livro e no conjunto ele me parece criticável (...) A bela opinião que eu fazia do meu trabalho sobre o Totem mudou definitivamente".

    * Os próprios "maiorais" do Totemismo, como Reynach, Frazer, van Gennep, etc.,  tiveram que reconhecer que o Totem não deu origem à Religião, porque não é inato nem primitivo (como erradamente pretendiam Pinard, Le Roy, Bros...), não é universal (nunca foi verificado nem na América do Sul, nem na África do Norte...), nem sequer tem caráter religioso propriamente dito, pois "o homem considera seu Totem como um igual e amigo, nunca como um deus" superior (Frazer). Na realidade em vez de ser "o Totemismo que deu origem à Religião" (Durkheim), o processo foi o inverso: "O Totemismo é uma superstição que pressupõe uma religião já existente" (Tanquerey).

    * Já antes do fracasso do comunismo, abundam dados gerais sobre a religiosidade que havia e se manteve naqueles antigos países comunistas. Os cursos de verão sobre o marxismo organizados pelo Partido Comunista ficavam quase vazios na Polônia. Dos 32 milhões de habitantes de Polônia, 90% tiveram a valentia de declarar-se católicos perante o inquérito comunista. Para eles e contra o governo, a personalidade mais importante e mais respeitada era o seu cardeal primaz Dom Stefan Wyszynscki. Na Checoslováquia o governo manteve confinados os bispos em cidades distantes durante 16 anos, mas a pressão popular foi tal que três deles puderam voltar às suas dioceses, e foram reabertos vários seminários para acolher os jovens que queriam formar-se para sacerdotes. Na própria Rússia continuamente é visitado por milhares de peregrinos, por exemplo o mosteiro de Zagorsky, a 70 quilômetros de Moscou.  Em Gorki, um  milhão de habitantes, onde o comunismo esperava ter mais êxito por tratar-se de uma cidade industrial ("a ditadura do proletariado"), o próprio governo comprovou que 60% das crianças eram batizadas apesar do risco que com isso corriam suas famílias no meio da perseguição. Etc.      

    * Os verdadeiros cientistas demonstraram que o ateísmo não tem absolutamente nenhuma prova. E assim os ateus servem de chacota aos humoristas: "livre pensador é quem se concede liberdade de não pensar". Dado que gnose significa conhecimento, com "alfa" privativa, "agnóstico é quem não pensa". "Chama-se racionalista quem perdeu a razão, porque como é que um materialista poderia pensar?" Realmente "ateu é a toa". Etc.  

   * Em vez de "homo sapiens", como prova a ciência, o homem seria "homo insipiens", em vez de um ser inteligente seria um pobre idiota. Toda a humanidade. Incluindo como idiota Aristóteles, idiota Dante, Galileu, Newton, Einstein..., a maior e melhor parte dos cientistas. Pelo contrário, não será racional concluir que, nesta determinada área do seu preconceito, a negação idiotizante tomou conta de alguns, todos os ateus, como Conte, Nietzsche, Freud, Marx, Lenin...?  

    - Realmente esses cientistas ateus do século XIX e pior ainda esses cientistas ateus de hoje, grandes cientistas na sua especialidade, dão grande pena pela sua absoluta ignorância neste tema tão importante. Como é que podem ser ateus, perante tantíssimas provas irrefutáveis da existência de Deus? Claro, dessas provas nem ouviram falar. E se ouviram, não as conhecem. E se algum deles as conhece, certamente não as entende. Concentraram-se em ver, tocar..., e não sabem pensar, nem se interessam por filosofia. Inclusive  ficaram também carregados de preconceitos irracionais. Como cientistas, não seria sua obrigação estudá-las meticulosamente? E quanta irresponsabilidade ao proclamarem seu absurdo ateísmo. 

 

A CRIAÇÃO

    * Por exemplo a respeito da ordem de aparecimento das criaturas... É claro que "em seis dias" designa filosoficamente seis etapas...  Já nos preâmbulos do materialismo científico sistemático, o grande naturalista conde de Buffon (Georges Louis Leclerc, 1707-1788), nada suspeito de parcialidade em prol da Religião, admitia atônito: "A descrição de Moisés é uma narração exata e filosófica da criação do universo inteiro e da origem de todas as coisas".  

   * Os ateus "profissionais" típicos do século XIX, tiveram que calar perante o grande físico e matemático Ampère (André Marie, 1775-1836), que proclamava na edição de 1º de Julho de 1833 na melhor revista científica da época, a "Revue des deux Mondes": "A ordem e aparição dos seres orgânicos é precisamente a ordem na criação em seis 'dias' tal como descrita no Gênesis (...). Como Moisés poderia ter uma instrução científica tão profunda como a do nosso século? Portanto só pode haver sido revelada".  

   * E o grande naturalista barão de Cuvier (Georges, 1769-1832), que estabeleceu as leis da anatomia comparada e que com o estudo dos fosseis lançou os fundamentos da paleontologia animal, também naquele fatídico século XIX advertia contra os evolucionistas: "Moisés deixou-nos uma cosmogonia, que cada dia mais se verifica admiravelmente exata. As observações geológicas recentes estão plenamente de acordo com o Gênesis sobre a ordem em que hão sido criados todos os seres orgânicos".

   * Para concretizar, escolhamos as conclusões de Pfaff (Johann Friedrich, 1765-1825) também nos inícios do século XIX, refutando com abundantes provas as apriorísticas pretensões dos evolucionistas: "Se comparamos os dados científicos com a narração bíblica da criação, concluímos que estão de acordo tanto como é possível conceber. Descobrimos, em efeito, na ciência e na Bíblia os mesmos reinos, entre eles a mesma diferença. É dada por Moisés exatamente a seqüência cronológica da sua aparição. O 'caos' primitivo, inicialmente a terra coberta pelas águas, depois emergindo, a formação do reino inorgânico, a seguir o reino vegetal, depois o reino animal tendo como representantes primeiro os animais viventes nas águas, e depois deles, os animais terrestres. Aparece por fim o homem o último de todos. Tal é a verdadeira sucessão dos seres; bem assim são os diversos períodos da história da criação, períodos designados sob o nome de dias".          

   * Perante tal sabedoria na narração da criação, num livro que surgiu num povo e numa época escura, compreende-se que o ex-ateu convertido em famoso orador sacro, padre Lacordaire (Jean-Baptiste Henri, 1802-1861) conclame os ateus daquele mal-intencionado século XIX, a reconhecer: "Surgiu um livro que seria o maior monumento do espírito humano, se não fosse a obra de Deus e ao que mesmo seus inimigos são forçados a render homenagem".                                                                                      

   * E saindo um pouco da narração da criação, há que concordar com o elogio à Bíblia que a continuação das palavras citadas acrescenta Lacordaire no seu "Considérations philosophiques". Surgido num escuro pequeno povo, esse livro, a Bíblia, supera em todas as linhas os mais destacados luminares da humanidade: "Homero não há igualado o recitado, no Gênesis, da vida dos patriarcas. Píndaro há ficado bem embaixo da sublimidade dos profetas. Tucídides e Tácito não podem equiparar-se com Moisés como historiadores. As leis do Êxodo e do Levítico sobrevoam bem longe sobre a legislação de Licurgo e de Numa. Sócrates e Platão hão sido sobrepassados grandemente pelo Evangelho" como formadores do pensamento humano.

   * Também em pleno século XIX, Alexandre Soumet (1788-1845) reclamava contra a miopia dos cientistas ateus: "Alto aí! A ciência, hoje, é forçada a se reconciliar em todas suas partes com os ensinamentos junto à inspiração religiosa. Se o naturalista penetra nas profundidades do globo, ai perceberá os seis 'dias' da criação segundo Moisés gravados, camada por camada, sobre o granito. Se o arqueólogo interroga a Esfinge de Tebas, a resposta dela restabelece  a cronologia apresentada no livro sagrado. Se a física descobre o sistema das ondulações, resolve que o Gênesis transmita a criação da substância luminosa antes do que a criação do sol. Se a frenologia explora o crânio humano, reencontra os três filhos de Noé nas três raças que se repartiram a Terra. Dir-se-ia que, em expiação das blasfêmias dos cientistas ateus, os gênios não podem mexer em algum mistério sem encontrar-se com o Deus dos cristãos".      

    * E na mesma época, os sábios Demerson, Balbi, Serres e tantos outros insurgiam-se contra as pretensões doentias daqueles cientistas que queriam impor o ateísmo e ridicularizar a Bíblia. Demerson no seu livro e lições de "La Geologie enseignée en vingt-deux leçõns" chamava a atenção para "essa cronologia admirável perfeitamente de acordo com as mais sadias noções da geologia positiva. Não podemos menos de render grande homenagem ao historiador inspirado".

   * Balbi, o autor do "Primeiro atlas etnográfico do globo, primeiro mapa-múndi etnográfico" rende profunda manifestação de admiração aos livros do  Pentateuco. "Eles estão de acordo da maneira mais remarcável com os resultados obtidos pelos mais sábios filólogos, os mais profundos geômetras (...). Nenhum monumento, seja histórico, seja astronômico, há podido provar algum erro nos livros de Moisés".  

   * E Marcel de Serres: "Se consideramos que na época em que foi escrito o recitado da criação a geologia não existia, e que eram escassos os conhecimentos astronômicos, somos levados a concluir que Moisés não pode haver chegado a tanta exatidão senão como efeito de uma Revelação".

    - É conveniente insistir mais uma vez em que a Bíblia não é um livro de ciência humana. A Bíblia não é para ensinar os aspectos científicos da criação do universo (ou qualquer outro tema científico). Neste tema, simplesmente pretende ensinar que todo o universo foi criado por Deus. Mas é admirável que coincidam as linhas mestras na Bíblia e na ciência...  Isto está na ordem dos milagres ou notável Divina Providência como "assinatura de Deus" para garantir a Revelação religiosa. 

    

CONFIRMAÇÕES DA QUINTA VIA

A CIÊNCIA E A CRENÇA EM DEUS

  

    * Escreve o grande astrônomo inglês contemporâneo Fred Hoyle: "Observações e fatos, tudo o que vemos no universo permanece inexplicado pelos preconceitos e suposições (do acaso, evolução.... como vimos em outro artigo- O acaso e a evolução das espécies). Concretamente: no supostamente primeiro segundo, o universo não é obra do acaso. Quero dizer, o universo precisava 'saber' com antecedência o que iria a acontecer, antes de 'saber'  como iniciar a si próprio. Porque de acordo com a teoria do 'Big Bang', por exemplo, num instante de 10 elevado a menos 43 parte de segundo, o universo precisa 'saber' quantos tipos de neutrino irão existir no período de um segundo. Só assim pode funcionar a expansão na taxa exata para adequar-se ao número final de tipos de neutrino". Pensar em acaso é loucura. É preciso reconhecer o Criador infinitamente sábio. Perante essa reflexão a partir da ciência, Fred Hoyle, como seu colega P. Glynn e tantos outros, que antes se declaravam ateus sem saber por quê, converteram-se ao cristianismo.

   * E o recém aludido P. Glynn dedica o primeiro capítulo do seu livro, sob o título "Um Universo Aleatório?", a apresentar-nos numerosos físicos contemporâneos que demonstraram "o princípio entrôpico" (a teleologia ou enteléquia, em filosofia), isto é, irrefutavelmente o universo foi e está explicitamente planejado, tem que existir um Sapientíssimo Planejador, a quem todos chamam Deus.   

   * E o professor Fritz  Kahn, no volume I de "O livro da Natureza", conta uma anedota interessante contra os cientistas materialistas e ateus: "Em certo congresso, um físico exclamou: 'Procuramos nos explicar reciprocamente algo que nós mesmos não entendemos´. Então um outro físico (que logicamente aceitava a teleologia) sarcasticamente retrucou: 'A física é difícil demais para os físicos' (materialistas). Esta afirmação (acrescenta Kahn) se conservará certamente verdadeira para todos os tempos". É evidente. Para quem só quer ver o universo sem pensar, para quem só conhece física e não quer raciocinar, para o doente que não quer aceitar a teleologia, ou a enteléquia ou plano divino incutido na natureza, a física é difícil demais. Sem Criador o universo não existiria (as quatro primeiras vias) e sem enteléquia ou programação por Deus o universo jamais haveria saído do caos (Quinta Via).  

    * Patrick Slynn, doutor em filosofia, professor em Harvard (EUA) e Cambridge (Inglaterra)... e mais uma vítima do preconceito herdado do século XIX, sem nunca saber por quê, proclamava-se ateu. Mas por circunstâncias da sua profissão, teve que estudar o tema. E principalmente pela evidência da necessidade de um Criador e Ordenador (principalmente Primeira e Quinta Vias) converteu-se, e escreveu o livro "Deus, a Evidência. A Reconciliação entre Fé e Razão no Mundo Atual".

    * Por isso no seu "Tratado de Metafísica" conclui Georges Gurdorf: "A filosofia, toda quanta, é Teleologia, ou seja, manifestação do plano divino na ordem do mundo, tanto ao nível dos seres das coisas como ao nível dos pensamentos" (Argumentos cosmológico e ontológico, respectivamente).  

     * Mesmo Voltaire, apesar de todos os esforços de imaginação estimulados pela sua enorme revolta, teve que declarar-se vencido e confessar: "O universo me embaraça. Não consigo imaginar que esse maravilhoso relógio existe e não tenha Relojoeiro".

 * Ou como já afirmava o tantas vezes citado São Boaventura, o "Doutor Seráfico", e como repetiram milhares de filósofos, "a filosofia é um itinerário da mente para Deus". Os que ficam pelo caminho, os ateus, que não se chamem filósofos ( = amigos da sabedoria) porque doentiamente não são capazes de levantar os olhos para o fim da estrada.

   * Por isso um bom filósofo, que conhecia também profundamente a natureza, sabia o que estava por detrás das coisas criadas. Era o caso do jesuíta padre Teilhard de Chardin (Pierre, 1881-1955). Sobre sua mesa de trabalho tinha sempre uma simples pedra. Como conta "No Meio Divino", por trás daquela pedra encontrava Deus. Teilhard sabia  facilimamente elevar-se das criaturas ao Criador.

   * O acaso como "primeiro princípio" e o caos como "ordenador" de todo o processo do universo? Protestou Albert Einstein: "Deus não joga dados (...) Admiro o gênio matemático que concebeu o universo".

   * E Galileu Galilei: "A matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o universo".   

   * Auguste Comte, apesar do seu primitivo ateísmo, teve por fim que reconhecer o absurdo de invocar o acaso e reconheceu a teleologia ou plano de Deus. A isso dedicou uma boa  parte de sua obra: "Mostrarei que existem leis tão determinadas para a evolução (relativa) da espécie humana como para a queda de uma pedra".

   * Muito profundamente soube expressar-se Marie Mitchell: "Qualquer fórmula que expressa uma lei da natureza é um hino de louvor a Deus".

   * Edgar Mitchell, a respeito de todos os astronautas, quando terminou em Dezembro de 1972 o programa Apollo: "Creio que a maioria de nós teve uma profunda experiência religiosa".  

   * O astronauta Irwin comentando sua viagem à Lua, disse que suas "vivências espirituais foram opressivamente fortes".  

   * E Neil Armstrong: "Nós confirmamos a existência de Deus. Lá acima Ele se torna evidente" (Se é que não fosse já evidente aqui embaixo...).

   * Em pleno século da campanha ateísta, contra todos os ateus dizia um grande conhecedor dos homens, o 18º presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1809-1865): "Acho impossível que alguém, contemplando o céu possa afirmar sinceramente que não existe o Criador".

   * É o mesmo que já consagrara o grande Platão e tantíssimos outros experimentaram: 

"Admiro o gênio matemático que ordenou o universo (Einstein)"

 

"Para crer em Deus basta erguer o olhar para o céu estrelado".

   * Bem soube se expressar o grande físico, filósofo e político Benjamim Franklin (1706-1790): "Achar que o mundo não tem Criador, é pior, incomensuravelmente pior que afirmar que uma Enciclopédia pode ser o resultado de uma explosão numa tipografia".

   - O mundo todo haveria sido o resultado por acaso de um "Big Bang" de um caos por acaso preexistente. Só uma pessoa completamente idiota pode aceitar isso. Só um idiota pode ser ateu. Como é que alguns cientistas modernos podem haver chegado a tal loucura localizada (= parafrenia), poderei responder em cada caso, após análise, se me procurar na clínica de psicologia, psiquiatria e parapsicologia...

 

O GRANDE ARGUMENTO

 

        Muitos são os argumentos da existência de Deus, apresentados, às vezes só aludidos, nos quatro artigos deste diálogo. E ainda gostaria de apresentar outros muitíssimos argumentos, tantos como são os inumeráveis milagres, clarissimamente milagres, tanto mais claros quanto mais se estudam.

    Mas, lamentavelmente, por tanto ateu e agnóstico e sectário e supersticioso que anda por ai..., poucas são as pessoas que conhecem os verdadeiros milagres. Só conhecem as charlatanices dos curandeiros, médiuns, pastores exorcistas... E ignoram completamente os verdadeiros fenômenos Supra Normais, na nomenclatura da Parapsicologia para os verdadeiros milagres...

    Bom, desculpe o prezado leitor a digressão no último parágrafo. Estava dizendo que muitos são os argumentos da existência de Deus. E que haveria que acrescentar os inumeráveis milagres. Como já muitas vezes venho afirmando nos artigos, O GRANDE ARGUMENTO, por cima de todos os raciocínios e filosofias mais ou menos isentos ou suspeitos de soberba humana, da existência de Deus é constituído pelos milagres, por tantos e tantas vezes que Ele mesmo assinou inconfundivelmente. Basta um pouco de boa vontade, de sinceridade, e com a graça de Deus que não faltará... Possuo muitos testemunhos de ex-ateus que encontraram Deus na leitura de meus três livros sobre os milagres. Graças a Deus.

 

AFINAL, QUEM É DEUS?

 

    E cada um desses argumentos nos abre uma faceta de como é Deus:

   * Magistralmente o expressa no seu "Quem é Deus? Elementos de teologia filosófica" o padre Battista Mondin, professor de filosofia e teologia na Pontifícia Universidade Urbaniana, de Roma: "Em si mesmo, Deus é supremamente, maximamente inteligível porque Deus é a suma verdade, é a plenitude do ser. De fato, quanto mais realidade, mais inteligibilidade".

   * Víamos que Deus é o Primeiro Motor, a Causa Incausada, o Ser Necessário, a Suma Perfeição, o Criador, o Organizador do Universo, Aquele a Quem todos buscam com tendência inata, a Inteligência Infinita, a Beleza Infinita, o Amor Infinito (ou como Ele mesmo se definiu "Deus é Amor": Jo 4,16), e teríamos que pôr uma série infinita de etc., etc., etc.

     * Sem omitir: Único Deus. Pensar, mesmo que fosse em só dois deuses é contraditório, pois então nenhum deles seria Absoluto, Necessário...: contraditoriamente bastaria o "outro deus". Igualmente contraditório é o Monismo ou Panteísmo, tudo é deus, pois confundem o Criador, o Absoluto... com a criatura, o contingente...

   Assim se compreende que os cientistas que eram ateus e foram capazes de pensar, converteram-se ao Cristianismo, não a outras religiões, como vimos repetidas vezes. Porque muitas das outras religiões não são respostas à pergunta de se existe e quem é Deus: Budismo, Hinduísmo... e Candomblé, Umbanda, Animismo... são absurdamente panteístas. E o Espiritismo nem religião é, Deus ficaria inerte, substituído por enorme quantidade de espíritos de todas as categorias, tudo giraria ao redor de espíritos de mortos (como se os espíritos humanos pudessem existir sem corpo! -pois também negam a ressurreição-). E o mais importante: a todas as outras religiões falta O GRANDE ARGUMENTO...

    Que o Politeísmo, Panteísmo, Monismo, Espiritismo, Ateísmo, Materialismo... são absurdos, é uma verdade evidente em filosofia, pertence à ciência. Mas não deixa de ser admirável mais uma vez que coincidam a ciência e a Fé, raciocínio e Revelação. Sem a Revelação, naqueles tempos antiqüíssimos e de cultura rudimentar não o poderiam saber os escritores da Bíblia. "O Bendito e Único Soberano, o Rei dos Reis e Senhor dos senhores, o Único que possui em Si mesmo a vida" (1Tm 6,14; cfr. 2Mc 13,4; Dt 10,17; Sl 136,3; Ap 17,14). Deus criou o universo a partir do nada (Gn 1-2; cfr. Gn 2,4-26; 2Mc 7, 28; Sl 104; Jo 1, 1-3; Cl 1, 16s). A teleologia: "Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram organizados pela Palavra de Deus" (Hb 11,3; cfr. 2Mc 7,22s.Pr 22-31; Cl 1, 15-17). Etc.     

* Mas... na mesma essência divina, junto à Máxima Inteligibilidade, está também a  Incompreensibilidade Definitiva. Sempre pode entender-se mais Dele, mas nunca compreender-se  tudo Dele. Compreender plenamente a Deus seria diminuí-Lo. Deus não "cabe" na nossa limitada cabecinha. Continua o Pe. Mondin: "Mas Deus só é adequadamente inteligível por um intelecto proporcional à Sua realidade, portanto Deus só pode ser adequadamente compreendido pelo intelecto divino". Poderíamos recorrer à história e descobriríamos grandes inteligências que compreenderam a Máxima  Inteligibilidade e a não-inteligibilidade plena de Deus.

   Cito uns poucos exemplos nos grandes períodos da história e escolho algumas frases muito engenhosas, quase jogos de palavras:

   * Platão: "É muito ousado querer negar que Deus é. Como também é muito impertinente querer adivinhar o que Deus é".

   * Santo Agostinho: "Podemos dizer que Deus é, e dizer o que Deus não é. Mas dizer o que Deus é supera toda capacidade humana"

   * O cardeal Nicolás de Cusa, famosíssimo filósofo e teólogo medieval: "Deus é uno e trino como  essência. Como criador não é nem uno nem trino. Deus é infinito, e nada que a palavra humana possa expressar".    

   * Kant: "O conceito de Deus é o mais inevitável para a razão humana. E também impossível de compreender pela razão humana". 

   * Confessava o genial engenheiro, matemático, físico, astrônomo e filósofo Henri Poincaré (1854-1912) na Academias de Ciências de Paris: "Por muito longe que a ciência avance nas suas pesquisas, perceberá que sempre há um limite nas suas conquistas. Ao longo das suas fronteiras encontram o Mistério. E por mais que estas fronteiras se dilatem, jamais resolverão o Mistério".

    * Porque detrás da ciência está a Divina Inteligência. Eis a definição teológica: "Mistério é uma verdade que (...), mesmo depois de comunicada pela Revelação divina não pode ser compreendida plenamente".

    E mais uma vez, entre tantas vezes, a harmonia entre a Filosofia e a Revelação, entre a ciência e a Fé: "Senhor temível soberanamente grande, sua potência é admirável, que vossos louvores exaltem o Senhor segundo o vosso poder, porque Ele vos excede: para O exaltar desdobrai vossas forças, não vos canseis, porque nunca chegareis ao fim. Quem O viu para que O possa descrever? Quem O pode glorificar como Ele merece?" ( Eclo 43,29-31; cfr. 1Tm 6,16 ).   

   * Por Deus ser Admirável Incognoscibilidade, precisamente por isso é tão importante, o verdadeiramente importante para o homem é... Dizia Blaise Pascal (e tantos outros!): Após haver  intelectualmente compreendido a necessidade da existência de Deus, o que mais importa ao homem é dar um passo a mais e conhecer o Deus que se comunica, o "Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó (...), Deus de Jesus Cristo". É o Deus pessoal, que dialoga com os homens e intervém constantemente na história com a Revelação, com os  milagres e Divina Providência. É o Deus que se nos manifesta em Jesus de Nazaré: Deus feito homem e habitando entre nós, que fica dia e noite por amor a nós no Sacrário, que se faz o nosso alimento... Conclui Pascal no seu "Pensamentos", este Jesus é "o verdadeiro Deus dos homens". 

   Pe. Oscar G. Quevedo S.J.

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