Reencontraremos as pessoas amadas? |
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Ressuscitados, em corpos gloriosos, não sofreremos a distância nem as outras limitações que nos impõe o corpo e este mundo material. Lembro, e baste aqui, as bonitas reflexões de um grande pensador francês, Paul Claudel: “Não tenho a menor dúvida de que o amor subsiste entre as pessoas após a morte. Deus não mudará essencialmente as pessoas. Entre pai e filho, por exemplo, há relações que são qualquer coisa de substancial e de eterno, que tem suas raízes no próprio Deus. Os seres que amamos são ajudas que Deus nos envia para O amarmos desde já. Eu acredito, portanto, que nosso amor para com estas pessoas que nos ajudaram a esperar a Glória, não será senão mais intenso. Nos amaremos então em verdade e não na ignorância, ou na casualidade, como nos amamos nesta vida. Memória e amor continuarão a existir. Em conclusão: não seremos modificados, senão glorificados”. Dado que a felicidade no Céu é a coroação em Deus de tudo o que aqui na terra é incompleto, se os afetos terrestres são queridos por Deus, devem finalmente florescer Nele. Assim, por exemplo, Tertuliano, grande depositário da doutrina que os primeiros cristãos receberam dos Apóstolos, escreve: “A esposa roga pelo seu esposo falecido e pede refrigério, e que ela volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágios todos os aniversários de sua morte”. Deste ponto de vista, estão cheias de sentido frases como aquela que se repete logo no primeiro livro da Bíblia: “Morreu, e foi-se reunir com seus parentes” (Gn 25,17;35,29).
Oscar G. Quevedo S.J. |