O Milagre da Cura de Pierre de Rudder |
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Leia também " Reações à cura de Pierre de Rudder" | ||||||
PIERRE-JACQUES
DE RUDDER, de 44 anos, era de Jabbeke, na Flandres Ocidental
(Bélgica). O sofrimento oprimia o pobre jardineiro. A morte levara a
primeira esposa e filho, e do segundo matrimônio perdera sete dos nove
filhos.
O
ACIDENTE.
Um dia Rudder
deteve-se a conversar com dois conhecidos, os irmãos Knockaert, que
estavam derrubando árvores perto do castelo do visconde de Bus. Uma árvore
que caíra em lugar errado atrapalhava o trabalho dos dois irmãos. Rudder
pôs-se então a tirar galhos dessa arvore, enquanto os irmãos a
empurravam com alavancas. Mas a árvore escorregou. Caiu sobre Rudder. De
um decímetro abaixo do joelho até o peito do pé inclusive, a tíbia e
perônio ficaram esmagados. Os ossos do terço superior da perna esquerda
ficaram separados três centímetros dos correspondentes ossos dos dois
terços inferiores.
Consta
o testemunho do médico de Oudenbourg, Dr. Affenaer, chamado pelo visconde
de Bus, patrão de Pierre-Jacques. O médico imobilizou a perna e manteve
o conjunto com uma bandagem amidoada.
E AS IRREPARÁVEIS CONSEQÜÊNCIAS.
Várias semanas depois, ao retirar o aparelho imobilizador, porque o
ferido sofria exacerbadamente, não houvera nenhum progresso. Pelo contrário:
os fragmentos de ossos, desprovidos do seu periósteo, estavam banhados em
pus. Chaga com longa ulceração, purulenta e gangrenada. Chaga também no
peito do pé. O médico foi radical: retirou cirurgicamente (seqüestro)
fragmentos necrosados de osso. A perna balançava abaixo do joelho.
Rudder
ficou um ano na cama. Quando se levantou, só podia caminhar apoiando-se
em duas muletas sem que de modo nenhum a perna doente tocasse no chão,
pois a dor -como em outras muitas oportunidades - seria dilacerante.
O
empregador, visconde Albéric de Bus de Gisignies, leva o coxo aos
melhores especialistas de Bruxelas, dentre eles ao famoso Dr. Thiriart,
cirurgião do rei da Bélgica; ao Dr. Verriest, Presidente da Associação
Médica de Bélgica; e a outros médicos...
Não há possibilidade de recuperação, especialmente por falta de
periósteo, do qual depende a formação do calo ósseo necessário. O
balanceamento da perna danificava e infeccionava cada dia mais a chaga
purulenta, facilitando a necrose dos ossos nos extremos dos ossos
separados. Os médicos com muita dificuldade conseguiam circunscrever a
gangrena às chagas da perna. O doente tinha de lavar suas feridas duas ou
três vezes por dia. Foram passando os meses, os anos... Oito anos, agora só amputando a perna à altura do joelho havia alguma possibilidade de salvar-lhe a vida. Poucas possibilidades. A amputação naquela época e na situação da perna, o tratamento e a assepsia seriam muito difíceis... A amputação muito provavelmente só aceleraria a morte do miserável sofredor Pierre De Rudder. O
SANTUÁRIO DE OOSTAKKER, na Flandres Oriental, é manifestação da
devoção secular da Bélgica à Imaculada, já antes da proclamação do
Dogma (em 8 de dezembro de 1854). Depois Oostakker foi chamada
"Lourdes em Flandres". Uma basílica com residência de jesuítas,
encarregados do santuário e de atender às procissões e peregrinações.
Todos
os médicos, como também o visconde Albéric de Bus -morrera um ano antes
da peregrinação - e seu filho visconde Christian De Bus, sempre
desaconselharam e até ridicularizaram a pretensão de Rudder de
participar de uma peregrinação à basílica de Na. Sra. de Lourdes em
Oostakker para pedir a cura.
Só
uma encantadora jovem, prima do jovem castelão de quem viria a ser
esposa, indiretamente animava Rudder com um compreensivo sorriso. Quando já
viscondessa de Bus, chamou seu pobre ex-empregado. Queria, caridosa, ver o
estado da perna. Escreve nas suas memórias: "Então ele tirou as
faixas, todas impregnadas de pus e sangue. Insuportável odor se
desprendia (...). As duas partes do osso quebrado traspassavam a pele e
estavam separadas por uma chaga supurante".
Comovida, a viscondessa de Bus convenceu seu marido a possibilitar
a viagem, não porque esperasse a cura, senão para propiciar a tão
sofredor doente um consolo espiritual. Assim ela mesma o fará constar
depois na sua peregrinação ao Santuário de Lourdes, na França, quando
os médicos deste famosíssimo santuário pesquisaram o caso.
O que
ocorrera? Antes dos médicos de Lourdes, o Pe. Alfred Deschamp, jesuíta e
doutor em Medicina, recolhe inúmeros testemunhos no seu inquérito. Médicos
e particulares.
Médicos. Destaquemos
as freqüentes observações do Dr. Van Hoestenberghe, que também teve de
retirar vários seqüestros; o Dr. Verriest o examinou quatro vezes, sete
anos após o acidente, poucos meses antes que Rudder fosse ao santuário
de Oostakker. Uma semana antes da peregrinação, o Dr. Houtsaegher
examinou o doente, e concretamente destacou as observações do balanço
desordenado da perna, inclusive ficando o calcanhar para frente e os dedos
para trás. Na véspera da viagem, o Dr. De Visch faz constar no seu relatório
as chagas purulentas e fétidas, uma mais profunda abaixo do joelho e
outra mais extensa no peito do pé, como também o movimento de torção e
o balançar da perna em todas as direções, podendo dobrar-se sobre si
mesma.
Particulares.
Destaquemos Jacques de Fraye, que constatou meticulosamente todas as
afirmações a respeito, inclusive que Rudder, levantado com as mãos o
joelho esquerdo, fazia balançar a perna em todas as direções, e também,
expressamente, que levantando a perna com uma mão, com a outra
imprimia-lhe um movimento de torção até os dedos ficarem para trás e o
calcanhar para frente. Com esses movimentos, freqüentemente esguichava
pus.
Enfim..., Jabbeke é uma vila onde todos se conhecem.
Pierre-Jacques De Rudder, precisamente pela sua angustiante situação,
era conhecidíssimo. Inspirava a compaixão de todos. Tudo público e notório,
constatadíssimo.
DRAMÁTICA
PEREGRINAÇÃO.
Na véspera da peregrinação, a Sra. Marie Wittezaele, junto com o Sr.
Edouard van Hooren e seu filho Jules, que voltavam do trabalho no campo,
viram a perna supurante. Viram como balançava. Observaram as extremidades
do osso quebrado separadas entre si uns três centímetros e aparecendo na
chaga. Verificaram que a chaga era "do tamanho aproximado de um ovo
de galinha" e cheia de pus. Sentiram o fedor. Viram como "a
parte inferior da perna girava".
No
dia da peregrinação a Oostakker, 7 de abril, oito anos e dois meses após
a fratura, o guarda-barreira Pierre Blomme acolhera Rudder na sua casa,
para que descansasse um pouco do seu esgotamento. Porque da casa de Pierre
à estação do trem tivera que caminhar duas horas, apoiado nas suas
muletas e ajudado pela esposa, para percorrer somente dois quilômetros e
meio. O Sr. Blomme viu o balançar da perna nua, sentiu o cheiro fétido
das chagas purulentas e da gangrena, etc.
Testemunhos
do chefe da estação, Sr. De Cuyper, que também conhecia muito bem
Pierre de Rudder. Testemunhos dos companheiros de viagem. Sentou-se no
trem junto a Jean Duclos e sua mãe. Todos, mais uma vez, viram dona
Colete, a esposa de Pierre De Rudder, ajudando-lhe a trocar as bandagens,
e observaram a horrorosa situação da perna.
Em
Gand-Sud, Rudder tem de ir de carro puxado a cavalo. O carreteiro debochou
do balançar da perna, mas o deboche torna-se um misto de indignação e
compaixão quando vê o pus e o sangue escorrendo sobre a carruagem.
POR
FIM, EM OOSTAKKER. Há que caminhar um pouco, no terreno do Santuário.
No caminho detém-se para descansar e reza fervorosamente perante o
Crucificado no velho Calvário. Está esgotado. Sua mulher, Colete,
oferece-lhe um pouco de água que acaba de pegar na fonte da gruta, para
reanimá-lo e possibilitar-lhe dar mais uns poucos passos.
E
por fim na gruta. Pierre-Jacques De Rudder está agora diante da gruta de
Na. Sra. de Lourdes em Oostaker-Lez-Gand. Reza. Quase chora. Confia muito
filialmente na Mãe Celeste.
E...
- Pierre-Jacques De Rudder
se levanta, caminha
sem muletas entre os bancos dos peregrinos até o pé da imagem de Nossa
Senhora, se ajoelha. Só então percebe que caminhara até lá, só então
percebe o instantâneo desaparecimento da gangrena, da supuração...
Instantânea recuperação dos ossos, da carne... E das forças. Pula, dança,
corre cheio de alegria e agradecimento. A esposa cai quase desmaiada de
emoção.
IMEDIATA
CONSTATAÇÃO MÉDICA.
Em companhia da esposa e de várias testemunhas, Rudder vai ao vizinho
castelo da marquesa Alph De Courbourne, dona da gruta, construída às
expensas do seu pai. No castelo os médicos tocam, examinam... Médicos e
particulares, todos constatam sob as duas cicatrizes limpas e delicadas
e testemunham o fato da cura de Pierre-Jacques
De Rudder.
No
dia seguinte e no outro e no outro... Todos os médicos que antes
examinaram e trataram do doente agora vêem e tocam o fato da cura
milagrosa.
Em Jabbeke, na casa do Sr. Charles Rosseel, o dr. Affenaert examina
a perna de Pierre De Rudder tanto mais meticulosamente quanto mais resiste
a acreditar na cura daquela perna quebrada. Todo o conhecimento do médico
é que "foi quebrada, porque encontrava a face interna da tíbia
inteiramente lisa à altura da fratura" antes tão conhecida. Por fim
o antigo livre-pensador tem de reconhecer: "Você está inteiramente
curado. Sua perna há sido fortemente consolidada. Ela está como a de uma
criança, e não como a de um homem cuja perna há estado quebrada. Os
meios humanos eram impotentes a permitir-lhe caminhar; mas o que não
podiam fazer os médicos, pôde Maria".
Em
toda a cidade, invencível curiosidade e emoção. O pároco, Pe. Slock,
celebrou uma novena de Missas cantadas em ação de graças. A igreja
ficou cheia naqueles nove dias. Contavam-se 500 participantes em várias
oportunidades, numa população de 2.000 pessoas.
"Após sua cura - diz a viscondessa de Bus - nós o
conservamos quinze anos como trabalhador" rude e sólido, a quem era
preciso mandar que moderasse sua atividade e total dedicação. E nos
momentos de descanso, "o encontrávamos quase sempre rezando seu terço.
Ele edificava a todos". Com a autorização da viscondesa de Bus,
Rudder fez alegremente quase quatrocentos peregrinações a Oostakker,
aproveitando os dias de folga, para agradecer sua cura a Deus e a Nossa
Senhora.
INUMERAS
CONSTATAÇÕES. O fato da
cura de Pierre De Rudder foi verificado antes, durante e depois do
milagre.
Novas constatações, 18 e 19 anos depois da cura, foram realizadas
pelo Dr. Royer, de
Lens-Saint-Rémy e pelos especialistas drs. Clement de Piquet, da Áustria,
e Van Ysendyck, da Bélgica.
"A MARCA".
Rudder atendeu inclusive ao chamamento feito pelos médicos de Lourdes,
agora Lourdes da França. Os drs. Vergez, Balencie e Dozous dirigiam os
trabalhos do Bureau de Constations
Médicales de Lourdes. E os numerosos médicos do Bureau
descobriram e confirmaram "a marca" (ou 3 marcas), essa espécie
de rubrica ou "griffe", freqüente em outros santuários e que
em Lourdes nunca falta.
1) Na época da cura de Pierre De Rudder não podia haver verificação
por radiografia, que não existia então. Mas por iniciativa do pe.
Callewaert, reitor do Seminário Maior de Bruges, 22 anos depois da cura,
a radiografia foi realizada pelo Dr. Seligmann, professor do Ateneu real.
Em qualquer restauração natural de fratura de ossos, o cálcio
vai lentamente formando um calo ósseo, até juntar após muito tempo os
fragmentos. No caso de Pierre De Rudder os fragmentos soldaram-se
diretamente um ao outro, sem o calo ósseo característico.
2)
A perna esquerda ficou exatamente do mesmo tamanho que a direita, apesar
de quatro centímetros de osso que o médico retirara quando do primeiro
atendimento ao acidentado, apesar de outros sequestros que o médico
retirou outras várias vezes, apesar da parte do osso que o acidente
triturara e que ficou sem periósteo, apesar dos pedaços de osso que se
perderam por supuração, apesar da grandíssima surpresa, da incrível
"marca":
3) Os ossos haviam soldado justapostos. Na extensão de um
decímetro os ossos da tíbia e do perônio estavam justapostos no sentido
antero-posterior. Os ossos superiores estavam na frente. Apesar disso a
perna tinha exatamente o mesmo tamanho e a mesma verticalidade que a perna
direita! Rudder absolutamente não mancava.
E
MAIS VERIFICAÇÕES. Aos
75 anos de idade, 23 anos após a cura milagrosa, Rudder morre de
pneumonia. É enterrado no cemitério junto à Igreja. Colocam lá um
grande crucifixo de ferro forjado com uma inscrição que alude ao grande
milagre de que toda a cidade era testemunha.
E continuaram as verificações:
um ano após sua morte, exumaram o esqueleto e retiraram os ossos das duas
pernas para submetê-los à mais exaustiva análise. O Dr. Hoestenberghe
fez a necropsia. Verificaram que os ossos da tíbia e do perônio
consolidaram-se justapostos e "estando desviados (...), sem
ajustamento das suas partes fragmentadas, as substâncias lisas e sem
faltas de substâncias ósseas. Verdadeiramente a Virgem de Oostakker
havia posto sua assinatura ("a marca"!) sobre estes ossos".
E necessariamente, pela análise, os ossos tiveram de se consolidar de
modo instantâneo.
Posteriormente, treze anos após a
morte de Pierre de Rudder, o Dr. Léon Reverchon, professor na Faculdade
de Medicina de Lille, com a colaboração do dr. Glorieux, de Bruges,
sobre os ossos das pernas de Pierre de Rudder, que se conservam, até
hoje, na Cúria do Bispado de Bruges, tira cinco filmes radiográficos,
bem detalhados, que mostraram que a solidificação foi instantânea e
perfeita, e com a mesma estrutura óssea que a da outra perna.
Nova análise radiográfica em 1951, pelo prof., Dr. L. Elaut,
confirmando plenamente as verificações anteriores.
A Comissão Médica de Lille, reunindo mais de cem médicos sob a
presidência do Dr. Duret, declara: "Com certeza, De Rudeer foi
curado instantaneamente de uma fratura supurada; a reparação óssea,
revelada pela autópsia, não pode
ter sido feita por meios naturais". Leia também " Reações à cura de Pierre de Rudder" Pe. Oscar Quevedo S.J |